sábado, 5 de julho de 2008

No passado está a resposta

Da “revolta” do presidente tricolor Paulo Odone pela saída precoce do meia Roger, tão divertida para o colorado que lhes escreve, fica mais um exemplo do quanto, atualmente, é efêmera a ligação da torcida com seus jogadores. Logo será Guiñazu. Verdade que o argentino deixará valiosos euros na conta colorada, mas como os colorados não pretendem soltar foguetes por vendas, gritar “gol” por empréstimos ou fazer “olé” por empresários, isso não é motivo de alegrias.

Sempre que lembrada a “debandada” de jogadores para a Europa e, agora, para as Arábias, torcedores, comentaristas e cartolas transformam suas lamúrias em discursos revoltados reivindicando o retorno de (supostas) épocas melhores, em que clube e jogador formavam uma parceria indissociável, enlaçados por um sentimento fraternal. Dizem, inclusive, que os “mercenários” de hoje deveriam inspirar-se nos “heróis” do passado, devotando carinho ao clube que lhes paga e a torcida que lhes venera. Deveriam mesmo?

Lembremos de Abigail, grande zagueiro do Internacional dos anos 40. Hexa campeão gaúcho, o integrante do maior time colorado de todos os tempos, este justificadamente apelidado de “Rolo Compressor”, morreu aos 86 anos, de falência múltipla dos órgãos, tendo vivido em um casebre da Vila Farrapos, em Porto Alegre. A torcida lhe prestou auxílio, contudo este fato revela que seus últimos dias não foram financeiramente confortáveis (fonte: www.miltonneves.com.br).

A trajetória de Abigail é, provavelmente, melhor do que a de muitos outros, esquecidos, relegados às páginas obscuras da história. Homens que motivaram a ida de milhares aos estádios, que calaram templos do futebol, partes anônimas da história do meu Internacional e de outros grandes clubes (e também do G.F.P.A).

A postura que se cobra dos jogadores vem sendo excessiva. Se lhes exige mais devoção ao clube do que a que muitos torcedores demonstram. Homens que tem que zelar por suas famílias são taxados de “traidores” para disfarçar a incompetência de cartolas. E tudo através de um discurso romântico invocando um passado cujo reflexo no presente é o desamparo de muitos daqueles “heróis”.

Enfim, é legítimo que cada um lute pelos seus interesses, principalmente quando as idealizações e o romantismo correm o risco de ser premiados com o esquecimento.

P.S. Valeu pelo espaço no blog! Me esforçarei para manter o excelente nível das postagens (tri puxa saco...)

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