terça-feira, 29 de julho de 2008

Eleições Municipais

Na sociedade em que se vive, com um passado sombrio em se tratando de liberdades individuais, o fato de podermos eleger mais uma vez, como verdadeiros cidadãos, nossos representantes no Executivo e Legislativos municipais merece ser saudado. Ainda que nossos políticos possuam uma credibilidade muito baixa junto à população, o processo eletivo brasileiro é, teoricamente, limpo, transparente e organizado, e essa é outra situação que merece aplausos de todos. Dessa forma, o tema será objeto de vários posts no blog conforme Outubro se aproximar; tentarei, hoje, dar o pontapé inicial desta discussão, fazendo um panorama geral das eleições em Porto Alegre e São Paulo, as duas capitais de maior interesse dos leitores do blog (a primeira por ser a capital gaúcha e a segunda por ser o embrião da eleição presidencial de 2010).
Comecemos, então, pela metrópole dos pampas. Os principais candidatos à prefeitura de Porto Alegre são: Manuela d'Ávila, pelo PC do B; Maria do Rosário, pelo PT; Luciana Genro, pelo PSOL; José Fogaça, pelo PMDB; Onyx Lorenzoni, pelo DEM; e, finalmente, Nelson Marchezan Júnior, pelo PSDB. O atual prefeito, José Fogaça, aparece na frente nas pesquisas, embora o principal veículo de uma campanha eleitoral ainda não esteja sendo utilizado, a televisão. Fogaça, que era filiado ao PPS, volto ao seu partido de origem, o PMDB, conseguindo, assim, o apoio de muitos quadros, uma característica marcante deste partido liderado por Pedro Simon. Entretanto, Fogaça terá que derrotar o PT, na pessoa de Maria do Rosário; os petistas querem retomar a prefeitura da capital, notadamente seu principal nicho político no sul do país. Sorte a de Fogaça que não houve aliança, pelo menos no primeiro turno, entre os partidos de esquerda, PT, PSOL e PC do B e tampouco entre os já tradicionais aliados, DEM e PSDB. Veremos como o eleitor irá reagir à campanha televisa, sempre muito influente.
Em São Paulo, observa-se uma disputa triangular pelo Executivo municipal. Gilberto Kassab, atual prefeito, pelo DEM; Marta Suplicy, ex-prefeita, pelo PT; e Geraldo Alckmin, ex-governador do estado bandeirante, pelo PSDB. Mencionei no primeiro parágrafo que a eleição paulista seria o embrião da campanha presidencial de 2010; exponho, então, as razões que me levam a pensar dessa forma. Qualquer candidato ou partido que almeje alcançar a Presidência da República brasileira sabe que é extremamente necessário ganhar em São Paulo para se ter alguma chance. PT e PSDB não diferentes e enxergam na eleição municipal da principal cidade do país uma oportunidade única para começarem a ensaiar a campanha do próximo chefe do Executivo nacional. O quadro, então, está desenhado da seguinte forma: o PT aposta suas fichas em Marta enquanto o PSDB assiste uma disputa interna entre José Serra e Aécio Neves. Serra apóia Alckmin e Aécio, por sua vez, Kassab. Tratando-se de PSDB, não é possível fazer uma previsão muito concreta, visto que, em 2006, Serra perdeu a disputa interna para Alckmin. Entretanto, o vencedor desta briga estará muito à frente do concorrente para 2010. O embate Serra x Aécio está só no começo, mas já esquenta as discussões dos social-democratas. Não tendo nada a ver com a história, o PT se concentra em Marta e a ex-prefeita aparece em primeiro lugar nas pesquisas de opinião.
Ainda há muita coisa para acontecer, mas, de momento, é isso que temos nas duas capitais. É preciso frisar que a verdadeira campanha começa com os horários televisivos. Somente quando isso acontecer é que poderemos ter uma idéia mais clara do que nos espera em Outubro, quando iremos às urnas.
P.S.: não posso deixar de fazer um registro, ou melhor, uma indagação: rio-grandinos, os Branco triunfarão mais uma vez em nossa cidade?

sábado, 26 de julho de 2008

Ipatinga 1 x 0 Internacional

Covardia

Ipatinga. Integrante da segunda divisão mineira. Jogadores limitados. Passes abaixo da crítica. Sonhará em manter-se na primeira divisão. Acordará na segunda, para nunca mais voltar.

Internacional. Ex-favorito ao título brasileiro. Ex-postulante de uma vaga na Libertadores da América. Destinado a sul – americana 2009. Covarde.

O adeus ao título deu-se da pior forma possível. Com três volantes e medo. Muito medo. Perder faz parte. Mas falta de postura me enoja. Culpo Magrão e Edinho pela derrota.

Ângelo é melhor nas funções ofensivas; Lopes nas defensivas. Juntos não formam um jogador limitado. Marcão, o ex-jogador, perambulou pela esquerda e fez cruzamentos pífios, ou seja, o normal. Ambos, em algum momento do jogo, tiveram que cobrir Orozco, cuja inoperância faz-nos desconfiar: será mesmo um jogador de futebol? Nossos limitados laterais afundaram ao auxiliá-lo. Danny Morais continua bem.

Nilmar e Taison mantiveram a regularidade. Guina também. O apático, porém incontestável Alex, foi prejudicado por uma lesão. Entrou Andrézinho, cujo diminutivo dimensiona seu futebol.

Finalmente focamos Edinho e Magrão. E o que vimos preocupa. Talvez por terem um futebol semelhante. Talvez por coincidentemente cumprirem péssima jornada. Principalmente por estarem na conta dos titulares incontestáveis. Não me importa. Ambos desqualificaram qualquer saída de bola colorada – já prejudicada por Marcão e Orozco. Ter Maycon como opção é atuar com um a menos.

Enfim, está é a realidade colorada.

Supostas estrelas irão resolverão o problema? Só vendo. A direção está de parabéns pelas contratações? Não. Está saldando uma dívida. Uma dívida criada ao permitir que Orozcos desonrem o fardamento colorado. Ao formar time no meio do ano. Faltou planejamento. Sobrou arrogância.

Escrevo tudo isso de cabeça quente. E é assim que tem que ser. A ilusão do raciocínio frio e descompromissado facilmente encontra-se com o auto – engano. Daí que, não raro, são as palavras ditas sem pensar que retratam com fidelidade o presente.

O futuro colorado parece sombrio. Me preocupa os atuais movimentos. Sinto que falta a Ivete Sangalo e a ISL para ingressarmos numa rotina de muito prometer e pouco cumprir. Futebol é momento, e recuperar o momento é algo raro no futebol.

Algo encantou os dirigentes colorados no ano de 2003. Neste ano Guina venceu o apertura argentino com o Independiente. Sorondo ia para a Inter de Milão e era destaque da seleção Uruguaia. Nery arrebentava no São Paulo. D´Alessandro vivia seu melhor momento no River e acertava milionária transferência para a Europa. Marcão dava início a sua boa passagem pelo Atlético-Pr, que culminaria no vice da Libertadores. Magrão saía do São Caetano para ajudar na recuperação palmeirense, com louvor. Índio, se não estou enganado, destacava-se no Juventude. Nilmar, em março, iniciava sua jornada com o colorado e, juntamente com Daniel Carvalho e Andrezinho, era campeão sub 23 nos emirados árabes.

O Inter projeta 2009 como um encontro destes jogadores de qualidade inquestionável (exceto Andrezinho), mas cujo momento, para a maioria, se foi. Futebol é momento. Quando a este se agrega qualidade, organização e comprometimento, surgem os campeões.

É esse o desafio colorado. Recuperar o momento de diversos jogadores. Missão complicadíssima: acertar as contas com o passado tendo de dar satisfação ao presente.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Vitória preocupante

É algo difícil de explicar. Um colorado jamais entenderia (na verdade, caçoaria). Quase todos os gremistas que conversei não gostaram da vitória do Grêmio esta noite em Florianópolis. Na verdade, sentiram um misto de preocupação e até uma certa vergonha. Ora, o grêmio não ganha de 7 x 1! Um resultado assim contradiz a história e a característica do Grêmio. Nós gremistas, com certeza, trocariamos este resultado por um “1 x 0” com gol de “entrevero” na área, com nosso “beck” afastando a bola em cima da linha nos acréscimos. Ah! E preferencialmente com chuva, claro. Agora 7 x 1, com banho de bola, calcanhar, golaços de tudo que jeito, tabelas, é algo extremamente estranho para o Grêmio. O gremista não se sente bem goleando, dando show. Fica até meio sem jeito. Não duvido que até xingue o técnico: “que isso!! Com 2 x 1 a favor era hora de se defender não ir ao ataque e fazer mais 5!! Assim não tem graça!” Não existe explicação para isso, mas é assim que funciona a cabeça do gremista. 7 x 1 preocupa, 1 x 0 empolga. O “balãozinho” revolta, já um “balão” bem dado encanta. Ser gremista é isso. É renegar o título da Copa do Brasil de 2001 porque o estilo era “meio futebol arte” e colocar em um pedestal a inacreditável conquista da série b, com um time de “futebol 7” recheados de operários. Fico pensando: como vai ficar o ego dos jogadores do Grêmio depois de uma vitória assim? Temos um jogo difícil domingo, contra o Palmeiras do Luxemburgo; um 0 x 0 hoje talvez teria sido melhor... Agora, 7 x 1 não podia ter acontecido. Isso mancha a história do Grêmio!!! Bom. Infelizmente a realidade é essa. Goleamos, mas pelo menos um dos gols foi de escanteio, para não ficar tão feio. O Palmeiras domingo é o próximo inimigo. Os gremistas lotarão o Olímpico, esperando nova vitória. Mas desta vez sem essa história de 7 x 1. No máximo um “2 x 0”, com um gol de entrevero na área, e claro, com chuva. Quem entende?

O Grêmio Voa

Deixando o Beira-Rio no início da madrugada da última quinta-feira, após a grande vitória sobre o forte São Paulo, pensava eu cá com meus botões no post que faria sobre o atual momento colorado. A torcida está eufórica. Contratações, especulações, jogadores de peso chegando, alguns saindo, é verdade, mas o clube está se mexendo. O técnico Tite consegue dar um padrão tático ao time e um esquema de jogo definido. Jogadores voltando à velha forma, como é o caso de Nilmar e Índio, estádio cheio, pulsante. Enfim, o futuro reservado ao Internacional parece ser positivo, após a constatação de todos estes fatores, e era justamente sobre isso que pensava em compartilhar com vocês, leitores do (Gol)pe de Estado. Porém, o que aconteceu hoje no estádio Orlando Scarpelli, em Santa Catarina, se sobrepõe às nuâncias vermelhas.
Que me perdoem os colorados que tanto estimo, mas a expressiva vitória gremista sobre o Figueirense, em Florianópolis, ofuscou a conquista colorada do dia anterior. O Tricolor, tendo a possibilidade de assumir a liderança do campeonato, simplesmente massacrou o Figueira por 7 x 1 e tomou a ponta do Flamengo. Jogando um futebol empolgante, de toques rápidos e marcação precisa, o clube da Azenha não tomou conhecimento dos Catarinas mesmo jogando longe de seus domínios. Perea foi o grande destaque do jogo, marcando gols e quebrando um jejum de alguns jogos, fazendo com que seus críticos, que já exultavam com a possibilidade de vê-lo amargando a reserva, tenham que esperar mais algum tempo para que tal fato se torne realidade. O Grêmio é hoje um time maduro, com um técnico criticado, porém competente. Faz grande campanha e assume a liderança justificadamente. Não hesito hoje em apontar os Azuis como favoritos ao título nacional. Quem duvidava de tal situação acredito que passou a cogitar a hipótese, já que o time gaúcho vence seus adversários e, mais do que isso, tem conseguido boas atuações.
Faltando 5 rodadas para o fim do primeiro turno, o Tricolor crava a sua bandeira no topo da tabela e agora todas as atenções se voltam para a Azenha. Vejamos, então, como o time do técnico Roth reaje à essas circunstâncias. Grêmio x Palmeiras e Ipatinga x Internacional são os jogos da dupla no fim de semana. Aguardemos.

sábado, 19 de julho de 2008

Os Jogos da Dupla

Mais uma rodada do Brasileirão se aproxima e a tabela de classificação mostra o Tricolor em 3° lugar, enquanto o Colorado figura na 8ª posição. O Grêmio enfrenta o vice-líder Cruzeiro no Olímpico, ao passo que o Internacional vai até Recife para pegar o Náutico no Estádio dos Aflitos. Passemos, então, à análise das duas partidas.
Em Porto Alegre, o Grêmio não terá Marcel, que cumprirá suspensão automática, muito menos o garoto Hélder. O centro-avante gremista vinha se destacando nas últimas partidas pelos gols importantes que vinha marcando; assim, a ausência do mesmo deve ser sentida pela armada Tricolor. Quanto ao jovem Hélder, trata-se de jogador médio, nada mais do que isso. Penso que há na Azenha substitutos à altura do lateral; vamos ver como Celso Roth irá montar sua equipe. Aliás, não consigo entender, ainda, as restrições que a torcida gremista possui junto ao seu comandante. Roth faz campanha irrepreensível sob ponto de vista tático e técnico. O gaúcho consegue tirar "leite de pedra" do elenco azul, visivelmente carente em algumas posições. Portanto, acredito que algumas injustiças estejam sendo feitas com o treinador.
Do outro lado, o Cruzeiro, vice-líder, vem desfalcado de vários jogadores, incluídos os dois grandes destaques, Wagner e Ramirez. Adílson Batista também sofre o mesmo mal de Roth: faz um grande trabalho e mesmo assim é bastante criticado pela torcida cruzeirense, já que esta ainda sente a eliminação precoce da Libertadores da América para o Boca Juniors. Todavia, o elenco mineiro é forte e certamente dará seu máximo. Espera-se um grande jogo de futebol no Olímpico, e não poderia ser diferente: a partida pode valer a liderança do certame para o Cruzeiro e a vice-liderança para o Grêmio.
Já o Internacional tem um confronto difícil no Nordeste. O time ainda busca um equilíbrio jogando fora de casa e a primeira vitória longe do Mampituba faz-se extremamente necessária. Sem Alex, Edinho e Ricardo Lopes, Tite precisará buscar alternativas, principalmente para suprimir a ausência de seu melhor jogador, Alex. O Colorado ainda encontra-se no limbo da tabela de classificação, postulando uma vaga na insólita Sul-Americana. Todos sonham alto com a aproximação do Centenário, mas qualquer objetivo passa, necessariamente, por vitória longe do Beira-Rio, e ela precisa acontecer. Será nesta rodada? É possível, mas o Internacional ainda não me parece maduro para conseguir tal feito.
Quanto ao argentino D'Alessandro, trata-se da maior importação já feita por um clube gaúcho, algo em torno de 8,5 milhões de reais. É um grande jogador, apesar de nunca mais ter mostrado o futebol dos tempos de River Plate. Se vai valer o investimento, não se sabe. Mas é preciso saudar a direção colorada. Uma contratação deste porte faz com que os torcedores ainda acreditem que possa haver bons jogadores no esquálido futebol brasileiro.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Vuadem

Ontem à noite (quarta-feira) pude assistir uma grande partida de futebol na TV. Há tempos não via um jogo tão bom. A partida que eu digo foi Palmeiras x Fluminense. Mas, o que chamou a atenção – pelo menos a minha -, é que o craque da partida não foi Diego Sousa, Thiago neves, Denílson, muito menos Valdívia (que está devendo), mas sim o árbitro, Leandro Pedro Vuaden. Isso mesmo! Uma arbitragem sensacional, um exemplo de como se apita um jogo de futebol. Diferentemente do restante dos juizes do campeonato brasileiro, ele deixou o jogo correr e manteve o critério perfeito até o final. Resultado, um grande jogo. Bonito de se ver. Com uma dinâmica e uma velocidade que nós normalmente estamos acostumados a assistir nos jogos da champions league e da Libertadores. Leandro Pedro Vuaden deu uma goleada nos juizes que costumam minar a partida com aquela seqüência de faltinhas, que tornam o jogo chato e irritante. Segundo os árbitros, adeptos deste método, ele serve para manter o controle disciplinar da partida. Ora, como explicar então o fato de que Leandro Pedro Vuaden, mesmo utilizando o critério “europeu” de apitar, não perdeu, em nenhum momento o controle disciplinar da partida? Não aconteceram jogadas violentas ou desleais. Os jogadores entenderam o critério e jogaram bola, sem o famoso “cai-cai”. Nem Valdívia reclamou. Ninguém reclamou. Pelo contrário. Dava a impressão que os jogadores estavam felizes e surpresos com este estilo tão raro de apitar nos nossos gramados. Essa falácia de que o árbitro deve apitar as faltas, quando houver contato físico, para manter o “controle” é claramente um recurso utilizado pelos juízes incompetentes e frouxos. Esses sim perdem a autoridade. O juiz de ontem foi um exemplo, devemos louvar a arbitragem de Leandro Pedro Vuaden, que foi disparado, repito, o melhor em campo. Espero que continue assim e que não tenha sido somente um lampejo.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Números do líder (em comparação com a dupla)

Se os números do site http://globoesporte.globo.com/ estão corretos, o colorado é o time que errou menos passes (em destaque). Visto os diversos jogos ruins do Inter, certamente isso milita em desfavor da análise fria dos números. Mas para quem gosta de base científica, aqui estão eles mais uma vez. Desta vez faço uma comparação entre os números do Flamengo e da dupla.

Critérios

FLA

INTER

G.F.P.A

Finalizações

113

12º

109

17º

140

Assistências

15

9

8

13º

Gols a favor

25

14

12º

16

Gols contra

10

18º

13

12º

8

20º

Roubadas

214

137

16º

117

18º

Passe errado

343

13º

302

20º

316

18º

Falt.cometida

203

16º

242

285

Falt. recebida

209

14º

212

11º

217

10º

C.amarelo

29

13º

36

40

C.vermelho

1

17º

6

1

18º

Impedimento

30

16

19º

30

Soube de inconformismos com a caracterização do G. F. P. A como o time mais faltoso do campeonato. Pois bem, não é uma opinião. São números apresentados pelo globoesporte.com (em destaque). Não faço críticas. Quando afirmo que a soma de um time faltoso com uma arbitragem permissiva é ruim para o adversário, isto é assertiva lógica, beira à obviedade. Não estou aludindo a “era Felipão” ou qualquer outra choradeira paulista – carioca, afinal o adjetivo, não raro, é pejorativamente postado a ambos os clubes. Em nenhum momento fiz juízo de valor sobre o assunto. Ademais, afirmar que a campanha gremista não condiz com seu elenco (o que pode mudar se acertadas as últimas contratações) é opinião endossada por muitos gremistas, como vocês bem sabem disso. Algum gremista acreditava em Marcel? Apesar do simbolismo, não é surpreendente Pereira estar em tão boa jornada? E Roth? Se o G.F.P.A 2008 der certo, Roth será eternamente o Gabiru da Azenha... O melhor caminho, penso, é a devolução da flauta, se a considerarem como tal, de preferência com embasamento e civilidade, e não a queixa na ouvidoria.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

O 14 de Julho e a construção do Estado Moderno

Milhares de autores, filósofos, estadistas e sociólogos já tentaram descrever o que significou o dia 14 de Julho de 1789 para a história da sociedade contemporânea. Entretanto, os fatos ocorridos na fatídica jornada e as suas conseqüências são demasiadamente complexos para uma análise efetivamente completa. O que, então, estarei eu fazendo aqui, humilde autor de um jovem blog do século XXI, tentando escrever algumas poucas palavras sobre a Revolução Francesa? Neste momento, valho-me de um velho dito popular: "quem não arrisca, não petisca." Pois bem, aqui estou, portanto, determinado a levar aos leitores do blog o respeito e a admiração que possuo por este povo que mudou os rumos da humanidade.
Vamos aos fatos. A Europa do século XVIII vivia, na maioria dos casos, sob um regime absolutista-feudal. Na França, não haveria de ser diferente: a monarquia instalada no país já durava muitos anos e, à época da Revolução, o páis era governado por Luís XIV. O povo sobrevivia sem direitos e sem nenhuma das liberdades individuais que tanto conhecemos; muitos morriam de fome, sem terras, sem nenhuma atividade laborativa e sem perspectiva de mudanças. Os únicos que se sobressaíam dentro de tal ordem governista eram àqueles que, de alguma forma, colaboravam com o Estado: o Clero e os Senhores Feudais, donos de imensas porções de terras, nas quais a maioria pessoas era escravizada.
Dentro dessa lógica, Luís XIV poderia ser somente mais um monarca disposto a perpetuar-se no cargo e manter viva a chama do absolutismo. Mas não era bem assim que as coisas funcionavam para o déspota; o Rei-Sol, como se auto-proclamava, era um sujeito egocêntrico, arrogante e que pretendia entrar para a história como alguém que realmente fez valer a sua condição de chefe supremo. Para que tal façanha se concretizasse, Luís XIV mandou erguer o que seria, para a época, a maior "casa de campo" já construída, o Palácio de Versalhes. A suntuosidade e o luxo do local constrastavam bizarramente com a realidade do povo francês. Pois era lá que o Rei-Sol passava a maioria de seus momentos, longe da capital, Paris, e longe dos problemas que assolavam o país. Não é à toa que o Rei dizia: "L'état c'est moi." (o Estado sou eu). Versalhes realmente sugeria isso...
Entramos, então, no ano de 1789. O povo, depois de muito tempo de opressão, acabara se tornando irrequieto e agressivo. A pressão sobre o governo era muito grande, apesar de que o Rei parecia não se importar com as ânsias de seu faminto povo. A revolta, iminente, iria explodir em algum momento; e o dia tão esperado chegou em Julho, no verão, mais precisamente no dia 14. A Revolução já havia tomado forma há muito tempo,porém o dia 14 foi escolhido para que o maior símbolo da opressão do governo fosse derrubado: a Bastilha. A maior prisão francesa se constituía na expressão maxíma do absolutismo de Luís XIV, já que nas suas masmorras estavam detidos os injustiçados cidadãos, julgados e apreendidos impiedosamente. A população, sobretudo camponeses, tomou as ruas de Paris e depôs o Rei, eternizando o 14 de Julho e pondo fim a um dos governos mais cruéis da história.
Relatados e discutidos os fatos, vamos as conseqüências. Notadamente, os ideais sonhados pelos revolucionários franceses construíram as bases do Estado Moderno. Para não cometer injustiças, é meu dever dizer que a Declaração de Virgínia, datada de 1776, nos Estados Unidos, também contribuiu de forma decisiva para o processo. Mas tal acontecimento há de ser objeto de análise em outro post, quem sabe. Mesmo assim, a liberté, egalité e fraternité, lema da pátria francesa, ergueu as bases para que todas as Constituições dos Estados Democráticos de Direito incluíssem como direitos individuais indisponíveis, inalienáveis e irrenunciáveis a liberdade e a igualdade entre todos os cidadãos. No tempo em que se vive, pensar em um regime democrático é voltar ao passado e reverenciar o povo francês, agradecendo àqueles que um dia ousaram se insurgir contra uma tirania e deixaram um legado de liberdade para todo o sempre.
P.S.: Para quem se interessar mais sobre o assunto, aqui vai um link com a história do hino francês, a Marseillaise, bem como com sua letra e a respectiva tradução para o português. As estrofes da Marselhesa elucidam ainda mais o tema.
O endereço é: http://pt.wikipedia.org/wiki/La_Marseillaise

brasileirão II

Deixando de lado, momentaneamente, a lei do álcool zero, as peripécias da turma de Daniel Dantas e os habeas corpus “julgados” pelo Excelentíssimo Presidente do STF o Sr. Gilmar Mendes, a nossa “liga” de futebol teve, neste fim de semana, a disputa de sua 11ª rodada. Desponta como líder o Flamengo, que, com uma grande atuação, despachou o Vasco (agora de dinamite), no maracanã, por 3 x 1 e consolidou-se na liderança. Já nossos times, seguem decepcionando. Em que pese a boa condição na tabela, o Grêmio FPBA jogou pouco contra a Portuguesa. Graças a pouca inspiração ofensiva e uma péssima jornada do craque Léo, na primeira etapa, a lusa jogou mais, criou oportunidades e consolidou a superioridade nos primeiros 45 min com um golaço de Rogério. Mas... apesar de suas limitações, o Grêmio, mostrando a sua tradicional raça, característica histórica do clube (que ainda causa certo desconforto a alguns amargos de plantão), foi buscar a virada e com dois gols do contestado Marcel, venceu o jogo e subiu a tabela, se mantendo entre os quatro primeiros. No Paraná, o Internacional trouxe na bagagem um pontinho suado. O empate de 1 x 1 contra o Atlético PR na Arena da baixada, com mais um gol do ótimo zagueiro Índio, não foi um bom resultado para o time de Tite, que poderia até ter saído com a vitória, não fosse o pênalti mal marcado sobre o jogador Douglas do Atlético, que foi muito bem convertido por Alan Bahia. Erro de arbitragem, talvez para compensar o gol em completo impedimento de Nilmar, feito por Índio no GRENAL, ou o pênalti inexistente marcado sobre Nilmar, no jogo contra o Coritiba ou, quem sabe, a falta escancarada não apitada sobre o zagueiro do Goiás que originou o gol de Adriano no último jogo colorado. Apesar de todas estas “ajudas” o Internacional segue em posição intermediária, mesmo tendo o melhor grupo do futebol brasileiro. Já o Grêmio, veremos até quando pode se manter no topo. Com Souza e Orteman, os tricolores se enchem de esperança. Aguardemos os próximos capítulos.

domingo, 13 de julho de 2008

Brasileirão

Portuguesa

O obscuro árbitro Marcelo de Lima Henrique uniu-se ao time mais faltoso do Brasil para determinar, na atuação mais caseira dos últimos tempos, a derrota da fraca Lusa. Aos 4 minutos Preto é derrubado na área adversária e... nada! O que veríamos depois foi a união da rotina de um time violento somada à permissiva arbitragem do mencionado desconhecido. E o protagonista do jogo, nos instantes finais, desfilaria ainda sua arrogância ao expulsar um jogador da Portuguesa que recusou-se a postar-se diante da “autoridade” para receber sua injusta penitência. É assim, com direito a 3 pênaltis dados em um jogo, arbitragens caseiras e uma inigualável dose de faltas que cria-se uma das campanhas mais mentirosas de um time na história do brasileiro. Até quando?


Internacional

A evolução colorada ganha mais um capítulo. O equívoco “Maycon” prejudicou demais o colorado. O Inter pode atuar com três volantes, e o faz, é o time titular. Mas Guiñazu sabe passar, aproxima, preenche espaços e, não raro, permite uma saída qualificada. Maycon não faz nada disso e deixa Edinho acéfalo. Contudo, o colorado foi muito bem no sistema defensivo. Renan, das grandes defesas e das péssimas saídas, não cometeu pênalti. Erro da arbitragem. E assim o Atlético fez seu gol. O Inter cresceu, criou, fez seu gol e poderia ter virado, tudo isto em uma jornada técnica infeliz do Alex, Nilmar e Taison. O próximo jogo fora de casa é contra o Náutico, que hoje perdeu em seu campo para o Sport. É lá que podemos conquistar esses primeiros pontos fora de casa.

Flamengo

Passeou contra o Vasco. Já não duvido.

sábado, 12 de julho de 2008

A Operação Satiagraha e Gilmar Mendes: Judiciário Ditatorial?

Na sociedade em que se vive, a confiança da população brasileira no Poder Judiciário é, para dizer o mínimo, pequena. Como observador com formação jurídica, sou obrigado a pensar diferente da maioria das pessoas, acreditando que o Judiciário tupiniquim está bem instruído e que presta um serviço de boa qualidade aos cidadãos. Contudo, devido aos fatos acontecidos nesta última semana no que concerne à operação Satiagraha, da Polícia Federal, me vejo no dever de dizer algumas palavras sobre a chincana jurídica produzida pelo presidente da mais alta corte do país, ministro Gilmar Mendes. Desta vez, o povo tem bons motivos para desacreditar o Judiciário brasileiro. Vamos aos acontecimentos.
A operação em questão visa apurar irregularidades produzidas por grandes empresários, banqueiros e doleiros, envolvendo algo em torno de 30 pessoas. Dentre estes, destacam-se 3 sujeitos: Daniel Dantas, controlador do grupo Opportunity; Celso Pitta, ex-prefeito de São Paulo; e Naji Nahas, mega-investidor. A Justiça Federal paulista decretou a prisão temporária dos suspeitos, sob argumento de que estes poderiam prejudicar o andamento das investigações. Os mesmos foram buscados e recolhidos à prisão, recorrendo ao STF com um pedido de Habeas Corpus, sendo soltos em seguida. Inconformada, a Polícia Federal pediu, desta vez, a prisão preventiva, acatada novamente pelo juiz Fausto de Sanctis. O magistrado fundamentou sua decisão dizendo que os suspeitos, notadamente Dantas, poderiam fugir do país, levando em conta a sua maravilhosa condição financeira e que também poderiam prejudicar a coleta de provas, já que possuem grande influência político-financeira. A eventual eficácia da aplicação da lei penal passava, necessariamente, pela prisão preventiva dos futuros réus, como bem exige o artigo 312 do diploma Processual Penal brasileiro.
É justamente neste ponto em que começam as aberrações. Os advogados de Dantas impetraram novo Habeas Corpus no STF e novamente o ministro Gilmar Mendes despachou a soltura do banqueiro. Até aí, nada de extraordinário. É, entretanto, na fundamentação do magistrado em que acontecem os absurdos. Transcrevo dois trechos que considero cruciais: "Ressalte-se, em acréscimo, que o novo encarceramento do paciente revela nítida via oblíqua de desrespeitar a decisão deste Supremo Tribunal Federal."; "Portanto, não é a primeira vez que o Juiz Federal Titular da 6ª Vara Criminal da Subseção Judiciária de São Paulo, Dr. Fausto Martin de Sanctis, insurge-se contra decisão emanada desta Corte." Oras, fundamentalmente, foram violados princípios constitucionais e processuais penais na decisão do ministro. Primeiramente, não há hierarquia entre juízes no ordenamento jurídico brasileiro. Cada magistrado tem autonomia para decidir, dentro da legalidade vigente. Se o juiz Fausto de Sanctis decidiu de forma contrária à decisão anterior da corte, isso quer dizer apenas que o magistrado não concorda com o que foi decidido, e não que o magistrado desrespeitou a o STF. Dentro dessa lógica, também observa-se que o ministro omitiu o fato de que há um princípio no Direito Processual Penal brasileiro chamado persuasão racional. Assim, o magistrado deve se convencer de forma livre, juntamente com os eventuais argumentos e provas ministrados por acusação/defesa (neste caso, autoridade policial).
Portanto, a posição adotada pelo ministro Gilmar Mendes é plenamente questionável. A Associação Brasileira dos Juízes Federais manifestou apoio ao juiz De Sanctis, além de diversos juízes singularmente. Acredito que o ministro esqueceu o fato de que o país vive em um regime democrático, com instituições sólidas e hierarquicamente iguais. O Judiciário deve ser uma via para solução de conflitos e não um órgão ditatorial no qual o presidente da sua mais alta instância crê que suas decisões são imutáveis e impassíveis de questionamento.

Internacional em números

O site globoesporte.com oferece as estatísticas de cada time, com possibilidade de comparação time por time. Realmente um espaço interessante. Utilizando esta fonte, algumas curiosidades do colorado:

  • Marcão foi o único jogador colorado a atuar nas 10 rodadas do brasileirão;
  • Guina? Magrão? Edinho? Quem desarmou mais a favor do colorado? É, senhores, o criticado Marcão, 17 vezes. Contudo proporcionalmente foi Taison: em 5 partidas, o guri desarmou 13 vezes;
  • Guiñazu é o mais faltoso jogador colorado, com 22 cometidas. Mas sabemos que esse número decairia muito com uma arbitragem britânica;
  • O esforçado Ricardo Lopes tem 15 faltas e 3 desarmes feitos. Recebeu ainda 4 cartões amarelos, o mesmo número de cartões de Guiñazu;
  • Adriano é o reserva mais requisitado, tendo participado de 9 jogos, número superior a Magrão, Renan, Alex, Edinho, dentre outros considerados titulares. Em suas participações cometeu um número impressionante de faltas: 21;
  • O Inter é o 1º colocado em número de cartões vermelhos: foram 6;
  • E o 6º em cartões amarelos: foram 32;
  • Em finalizações é apenas o 15º, com 99;

E os números do G.F.P.A?

  • Ocupa a 2ª posição dentre os que mais finalizaram: 124 vezes!
  • É o 1º em número de cartões amarelos: 39;
  • E é o time mais faltoso do Brasil: foram 266 faltas cometidas;
  • Rafael Carioca, Rever e Victor entraram em campo em todos os jogos;
  • O jogador que mais cometeu faltas é Paulo Sérgio: foram 28. Mas Léo, com 27, e Eduardo Costa, com 25, merecem o destaque. Helder e Paulo Sérgio já tomaram 5 cartões amarelos.
  • Léo e Rafael Carioca são os tricolores que mais desarmaram: 16 vezes.
  • Do sistema defensivo tricolor, Pereira, tendo atuado 7 vezes, foi o que menos cometeu faltas: apenas 8. Recebeu 3 cartões amarelos.

E o trabalho de Tite? Já pode ser verificado em números? Tite assumiu na 6ª rodada, com vitória diante do botafogo (2x1). Todos os dados tratam da 1ª (inter 1 x 0 vasco) até a 9ª rodada (inter 3 x 0 coritiba). Portanto, Tite comandou menos partidas do que o período Abel. Excluímos a vergonhosa partida Portuguesa 3 x 1 Internacional, para que a comparação Abel x Tite seja igualada em número de jogos.


Abel (4 partidas)

Tite (4 partidas)

Média Abel

Média Tite

Passes errados

110 (27,5)

127 (31)

27,5

31

Finalizações

40 (10)

38 (9,5)

10

9,5

Roubadas de Bola

45 (11,2)

59 (14,75)

11,2

14,75

Gols sofridos

5

4

-

-

Cartões amarelos

15

11

-

-


sexta-feira, 11 de julho de 2008

10ª Rodada

E mais uma rodada do Campeonato Brasileiro se aproxima. No horizonte da dupla, Atlético-PR e Portuguesa se avizinham. O Colorado joga em Curitiba, enquanto o Tricolor volta ao Olímpico. Pois bem, vejamos as condições em que se encontram Internacional e Grêmio para a 10ª rodada.
Depois de 5 jogos no comando vermelho, somando 3 vitórias, 1 empate e 1 derrota, Tite parece estar ajeitando a engrenagem colorada e isso passa, necessariamente, pelo nome de Sorondo. O uruguaio organizou o sistema defensivo, deu segurança aos companheiros e fez alguns jogadores que andavam jogando de forma tenebrosa reencontrarem o bom futebol, caso do seu colega de zaga, Índio. Entretanto, Gonzalo Sorondo Amado precisa se benzer. Após duas cirurgias, novamente o zagueiro cisplatino se lesionou e estima-se que irá desfalcar o Colorado de duas a três semanas. Ô, zica! Vejamos, então, como o Internacional irá se comportar sem o seu melhor defensor e jogando fora de casa, na Arena da Baixada. Aliás, sobre essa situação, duas considerações: 1 - o Internacional tem um aproveitamento muito bom no moderno estádio atleticano, inclusive ganhando jogos com gols de personagens pitorescos, como Claiton e Gustavo Papa; 2 - o Colorado em 2008, jogando fora de casa contra times de primeira e segunda divisões do futebol brasileiro, perdeu quase todos os jogos, apenas empatando uma partida, justamente no Gre-nal.
No lado azul, o tricolor passa por um período de instabilidade. Notadamente abalado com o empate-derrota no Gre-nal e com a inesperada saída do bon vivant "Débora Roger Secco", o clube da Azenha busca recuperação contra a Lusa, de Patrício e algumas outras pérolas. A vitória gremista parece inevitável, mas a grande questão é a seguinte: até onde vai a paciência da torcida tricolor com o bem-humorado (?) Celso Roth? Pessoalmente, tenho apreço inestimável por Celsão, devido ao fato de que o treinador comandou o Colorado na maior vitória vermelha sobre os azuis, o inesquecível 5 x 2. Todavia, Celso sofre uma restrição muito grande de todos, tendo o seu trabalho sido rotulado com todos os maus adjetivos possíveis na língua portuguesa. Veremos o que o fim de semana reserva para vermelhos e azuis. A gangorra voltou a se equilibrar...
P.S.: o Flamengo é cavalo paraguaio, afinal?

terça-feira, 8 de julho de 2008

Instituições

Domingo o ideal de paz e segurança foi novamente defrontado com a dura realidade do despreparo da polícia. Uma família foi metralhada. Uma criança morreu. Saíram ilesos os bandidos. Dois policiais militares serão julgados e condenados. Sobre seus ombros pesará a falência do Estado. Seus rostos serão expostos na mídia, e sentiremos uma espécie de “satisfação medieval”... Suas famílias sentirão vergonha. E nós esqueceremos. Aliás, alguém ficou genuinamente impressionado com a tragédia? É a banalidade do absurdo que nos deixa insensíveis.

Refiro-me ao assassinato do menino João Roberto Soares, 3 anos. Baleado no domingo por policiais militares do Rio de Janeiro, que confundiram o carro em que estavam ainda sua mãe e irmão mais novo com outro em perseguição, João Roberto não resistiu aos ferimentos e morreu ontem à noite. A polícia civil pediu a prisão temporária dos policiais, cuja falta de preparo, conforme o secretário de segurança do RJ, João Mariano Beltrame, foi decisiva para o acontecimento da tragédia. (http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u420290.shtml).

Dos fatos sobrevém mais um golpe às instituições brasileiras. Qual a legitimidade de uma polícia que metralha uma família? De um exército que entrega cidadãos para serem executados? De partidos, todos, envolvidos em tantas irregularidades? De legislações draconianas para o cidadão comum frente às farras político – partidárias do cotidiano? Está faltando moral onde esta deveria encontrar sua gênese.

A boa notícia desta terça – feira é a mais nova operação da Polícia Federal de que temos conhecimento: a “Operação Satiagraha”. Especula-se que as irregularidades possam envolver 2 bilhões de dólares. O banqueiro Daniel Dantas, dono do grupo Oppotunity, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o especulador Naji Nahas são 3 dos 24 presos na operação. As acusações, em sua maioria, referem-se a crimes contra o Sistema Financeiro (Lei. 7.492/46). (http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2996131-EI6578,00.html).

"ESTADO POLICIAL E INCONSTITUCIONALIDADES"

Para aqueles que apoiam a famigerada "Lei da tolerância zero", segue, para quem não leu, o editorial de hoje (07/07) publicado na Zero Hora da lavra do Juiz de Direito Diógenes v. Hassan Ribeiro. VALE A PENA LER. O título, achei fantástico, já diz tudo....

ESTADO POLICIAL E INCONSTITUCIONALIDADES

O ministro da Justiça, Dr. Tarso Genro, advogado de ofício e político, tem mostrado, ao longo dos anos, muita habilidade no uso das palavras. Ele tem dito que o "governo não aceitará pressões para a revogação ou modificação da legislação de tolerância zero na ingestão de bebidas alcoólicas por condutores de automóveis".Com relação à legislação recentemente aprovada, o que preocupa é que ela contém várias inconstitucionalidades, como se uma somente não bastasse. Então, falhou o exame preventivo de constitucionalidade do parlamento, exercido pela Comissão de Constituição e Justiça, e o do Executivo, que se dá no poder de veto.Embora o ministro Gilmar Ferreira Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, já tenha defendido, na mídia, a legislação, há alguns anos publicou artigo sobre o princípio da proporcionalidade. Nesse artigo, facilmente encontrável na rede mundial, Gilmar Mendes menciona o vício de inconstitucionalidade por excesso do legislador e historia os precedentes do STF e os do Supremo Tribunal da Alemanha. Diz o artigo que a doutrina identifica como violação ao princípio da proporcionalidade a contradição, incongruência, irrazoabilidade ou inadequação entre meios e fins, na legislação.Não há dúvida de que essa legislação, desde a expressão - tolerância zero - não atende ao princípio da proporcionalidade, sendo desarrazoada e inadequada, expondo a cidadania ao risco da prisão. Assim, se é certo que o consumo de bebidas alcoólicas não combina com a condução de veículo automotor, é certo igualmente que um cidadão - ou cidadã - não pode ficar exposto, por um pequeno consumo, num almoço de família, numa confraternização ou algo parecido, a uma situação extremamente vexatória de ser tratado como criminoso.Essa legislação é própria de um Estado policial, não de um Estado democrático de direito. Em um Estado policial, a cidadania vive amedrontada e pressionada pelos órgãos e aparelhos de segurança com o risco de prisão pelo menor deslize que possa cometer. Um Estado policial não é razoável, nem proporcional na sua legislação, menos ainda na sua execução. Poder-se-á dizer que a prisão, no caso da legislação citada, somente ocorrerá em determinadas situações, podendo ocorrer quando não houver submissão "espontânea" ao bafômetro. Todavia há o risco da prisão, e a multa em substituição à não-submissão ao bafômetro é uma forma de coação (pecuniária).Deve-se ter sempre em conta que os fins não justificam os meios, especialmente quando os fins não são razoáveis e proporcionais. A legislação não pode deixar a um policial a discricionariedade de executá-la. A exigência do bafômetro fere o direito fundamental de primeira dimensão, o mais antigo, portanto, o da liberdade, o da preservação da integridade física e moral do indivíduo, o de que nada o obriga a se auto-incriminar. A coação da multa substitutiva é ilícita.

juiz doutor em direito, diretor da ajuris

Trata-se de uma análise objetiva e a meu ver, irretocável, do ponto de vista jurídico, de umas das lei mais estúpidas já editadas na história desse país.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Futebol na Segunda

Não, este tópico não é sobre assíduos freqüentadores da segunda divisão. É sim sobre os principais fatos futebolísticos desta segunda – feira.

Seleção Olímpica

Renan convocado. É o representante do futebol gaúcho no selecionado. Isso é fruto de muito trabalho e um histórico de serviços às categorias de base da seleção. Afinal, quem fica ao léu não é convocado...

Internacional

Após a excelente vitória de domingo, hoje o Inter apresentou o preparador físico Fabio Mahseredjian, um dos responsáveis pela inusitada chegada do Fluminense às finais da Libertadores.

Botafogo

Manchete do globoesporte.com: “Grupo esbanja alegria no Caio Martins”.

Flamengo

Já é comoção nacional! O Flamengo, um dos poucos elencos deste campeonato que possuem bons laterais, abriu bela vantagem em relação aos demais. Cavalo Paraguaio? Creio que não gurizada... E renovou hoje com Ibson.

Ronaldinho Gaúcho

Alguém viu o ídolo máximo dos azuis nas cobranças de falta ontem em um bizonho evento nos States? Teria ele deliberadamente tentado atingir o estômago dos fãs que formavam a barreira? Nas seis vezes? Hoje Dunga o convocou para a seleção olímpica. Sorte Ronaldinho! Traga mais alegrias à grande nação colorada!

sábado, 5 de julho de 2008

No passado está a resposta

Da “revolta” do presidente tricolor Paulo Odone pela saída precoce do meia Roger, tão divertida para o colorado que lhes escreve, fica mais um exemplo do quanto, atualmente, é efêmera a ligação da torcida com seus jogadores. Logo será Guiñazu. Verdade que o argentino deixará valiosos euros na conta colorada, mas como os colorados não pretendem soltar foguetes por vendas, gritar “gol” por empréstimos ou fazer “olé” por empresários, isso não é motivo de alegrias.

Sempre que lembrada a “debandada” de jogadores para a Europa e, agora, para as Arábias, torcedores, comentaristas e cartolas transformam suas lamúrias em discursos revoltados reivindicando o retorno de (supostas) épocas melhores, em que clube e jogador formavam uma parceria indissociável, enlaçados por um sentimento fraternal. Dizem, inclusive, que os “mercenários” de hoje deveriam inspirar-se nos “heróis” do passado, devotando carinho ao clube que lhes paga e a torcida que lhes venera. Deveriam mesmo?

Lembremos de Abigail, grande zagueiro do Internacional dos anos 40. Hexa campeão gaúcho, o integrante do maior time colorado de todos os tempos, este justificadamente apelidado de “Rolo Compressor”, morreu aos 86 anos, de falência múltipla dos órgãos, tendo vivido em um casebre da Vila Farrapos, em Porto Alegre. A torcida lhe prestou auxílio, contudo este fato revela que seus últimos dias não foram financeiramente confortáveis (fonte: www.miltonneves.com.br).

A trajetória de Abigail é, provavelmente, melhor do que a de muitos outros, esquecidos, relegados às páginas obscuras da história. Homens que motivaram a ida de milhares aos estádios, que calaram templos do futebol, partes anônimas da história do meu Internacional e de outros grandes clubes (e também do G.F.P.A).

A postura que se cobra dos jogadores vem sendo excessiva. Se lhes exige mais devoção ao clube do que a que muitos torcedores demonstram. Homens que tem que zelar por suas famílias são taxados de “traidores” para disfarçar a incompetência de cartolas. E tudo através de um discurso romântico invocando um passado cujo reflexo no presente é o desamparo de muitos daqueles “heróis”.

Enfim, é legítimo que cada um lute pelos seus interesses, principalmente quando as idealizações e o romantismo correm o risco de ser premiados com o esquecimento.

P.S. Valeu pelo espaço no blog! Me esforçarei para manter o excelente nível das postagens (tri puxa saco...)

Novo Colunista

Tenho a alegria de informar os leitores do blog que temos um novo autor: Thiago Lindenmeyer, grande amigo. Já havia um tempo que o convidava para postar no (Gol)pe de Estado e finalmente consegui convencê-lo. Tenho certeza que seus textos engrandecerão em muito o blog, proporcionando uma outra vertente doutrinária aos nossos leitores. Bem-vindo, Thiago!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Ingrid Betancourt

Esta semana o mundo recebeu uma grande notícia, que merece espaço neste blog: a libertação da franco-colombiana Ingrid Betancourt. A ex-senadora e ex-candidata à presidência da Colômbia passou 6 anos e alguns meses em poder das FARC, a insana guerrilha colombiana que seqüestra e tortura aqueles que se opõem aos seus ideais revolucionários. Ingrid foi capturada na selva pelos agentes do exército colombiano junto com outros prisioneiros, numa operação ousada que resultou na maior derrota imposta à guerrilha até hoje.
Para que possamos ter uma pequena idéia da importância política da libertação de Betancourt, é preciso analisar a trajetória de vida daquela. Filha de um ex-senador e ex-embaixador com uma ex-miss colombiana, Ingrid passou a maior parte da juventude na França, mais precisamente em Paris, aonde seu pai atuava como embaixador colombiano junto à UNESCO. Estudou em Sorbonne e voltou à Colômbia alguns anos mais tarde, desta vez como candidata ao cargo de senador. Uma vez eleita, participou ativamente do movimento anti-guerrilha promovido no país, tornando-se um ícone para as famílias dos prisioneiros. Em 2002, já candidata a presidente, foi então seqüestrada por aqueles que tanto combatia, ficando presa em nas selvas colombianas até os dias de hoje, vivendo em condições absolutamente aterrorizantes.
No dia 2 de Julho do corrente ano, Ingrid foi, finalmente, libertada; as especulações em torno do resgate da ex-senadora já haviam ganho notoriedade quando o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, entrou na briga para encontrar Ingrid, negociando diretamente com as FARC. Por todas estas razões, não é difícil entender o porquê de tantos chefes de Estado disputarem o posto de salvadores de Betancourt. A volta da ex-prisioneira representa uma vitória de Álvaro Uribe, George Bush e Nicolas Sarkozy, presidentes da Colômbia, Estados Unidos e França, respectivamente. Por outro lado, Chávez perde e muito com o fato; e, junto com ele, a guerrilha, já destroçada pela morte dos seus mais importantes comandantes.
Portanto, Ingrid Betancourt representa uma nova esperança, ainda que muitos ainda continuem presos (estima-se que o número chegue a 700). As FARC saem fragilizadas e perdem poder de barganha; a ex-senadora era o seu mais valoroso refém. Espera-se que a Colômbia intensifique a procura dos outros reféns e termine com o sofrimento de todas as outras famílias colombianas.