segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Deu a lógica


O último final de semana de outubro de 2008 marcou o fim das disputas políticas municipais pelo país, fechando de vez os nomes que comandarão nossos municípios nos próximos 4 anos. Ao contrário de outras disputas passadas a atual não trouxe resultados surpreendentes em Porto Alegre, São Paulo e no Rio de janeiro.


Comecemos pela cidade maravilhosa. Apesar do susto, Eduardo Paes do PMDB derrotou o “verde” e simpático Gabeira. Resultado que apesar de apertado (50,83% x 49,17), era a lógica no Rio.

Já em São Paulo, maior colégio eleitoral do Brasil, apesar de também não ter ocorrido surpresa no vencedor do certame, o “placar” chamou a atenção. Gilberto Kassab do DEM impôs uma sonora derrota à Marta Suplici do PT (60,72% x 39,28%). Este resultado tem grandes significados políticos, tendo em vista a constante, e decisiva, participação do provável futuro candidato à Presidência da República pelo PSDB, José Serra, na campanha vitoriosa de Kassab. Este resultado demonstra, pelo menos em um exame preliminar, que a disputa pelo Governo Federal de 2010 apresenta sinais de que será muito disputada.


Por aqui, a lógica se confirmou. E com folgas. Se havia ainda alguma dúvida de que a dinastia petista não existe mais em Porto Alegre, ela acabou por ser fulminada pelo resultado desta eleição. O Partido dos Trabalhadores, depois de 16 anos no poder, amarga a segunda derrota seguida na capital. Pode-se concluir a partir desse resultado, que nos últimos 5 anos ocorreu algum fenômeno que redefiniu a opção política da cidade. De um petismo que parecia imbatível até pouco tempo atrás, verifica-se agora um enfraquecimento muito grande do PT, a ponto da candidata Maria do Rosário, mesmo com LULA ajudando na reta final, não ter nem “chutado a gol” contra a meta de Fogaça, que, por sua vez, ao natural tocou 20% a mais de votos que a petista, confirmando a preferência dos porto-alegrenses pelo “poeta” para os próximos 4 anos.

Acho que era isso para o momento. Análises muito complexas não servem muito agora. Como no futebol, onde o que o que vale mesmo é bola na rede, na política o que vale mesmo é voto na urna e pronto. Programa político parece não estar mais surtindo efeito nas pessoas. Ataques pessoais ao seu oponente parecem surtir efeito inverso. As pessoas não querem mais saber de baixaria eleitoral, querem mesmo é resultados efetivos, sem muito alarde de preferência.

Mais uma eleição se passa. Apesar da desilusão com a política de uma maneira geral, pelo menos, nestes domingos de eleição, se pode sentir aquele agradável ambiente de Democracia nas ruas.

sábado, 25 de outubro de 2008

Quase Lá

O Campeonato Brasileiro vai chegando ao fim e o Grêmio vai se aproximando do seu objetivo maior, quer seja, o título de Campeão do Brasil. Nesta última rodada, o Tricolor abriu três pontos de vantagem para o segundo colocado, o São Paulo, ainda com sete partidas a serem realizadas por cada time. Na teoria, uma distância não muito grande. Na prática, porém, observa-se que é uma vantagem consolidada, a qual dificilmente será alijada do clube gaúcho.
Para chegar a tal terminação, basta analisar a tabela de classificação e os jogos restantes do Grêmio, partindo do pressuposto que o Tricolor só depende de si para ser campeão, ao contrário das outras equipes. Hoje, o cálculo para chegar ao título é de setenta e quatro pontos; o Grêmio tem cinqüenta e nove, faltando, portanto, quinze pontos em vinte e um que serão disputados. Vejamos, assim, os adversários dos gaúchos na empreitada, bem como o mando de campo.
Figueirense, Coritiba e Atlético-MG serão os rivais dentro dos domínios tricolores. É perfeitamente possível conquistar três vitórias nessas partidas, somando, assim, nove pontos. Os três adversários são menos times que o Grêmio e, além do mais, no Olímpico, o mandante tem se mostrado praticamente imbatível. Ganhando, desta forma, as três partidas, faltariam seis pontos em doze disputados fora de Porto Alegre.
Em terras estrangeiras, o Grêmio jogará contra Cruzeiro, Palmeiras, Vitória e Ipatinga. As duas primeiras partidas serão árduas, visto que o embate se dará entre aspirantes diretos ao título. Em compensação, nos dois últimos jogos, o Tricolor enfrentará dois adversários que, além de jogarem menos que o Grêmio, já terão perdido a motivação para vencer; o Vitória não tem mais chances de ir à Libertadores e o Ipatinga é um virtual rebaixado. Possivelmente, nas últimas três rodadas, essas situações vão ter se concretizado, revertendo em benefício ao clube gaúcho. Vencendo esses dois jogos, portanto, o Grêmio alcançaria os tão sonhados seis pontos e seria campeão com tranqüilidade.
Algumas pessoas argumentam, a fim de sustentar a tese de que o Grêmio não será campeão, que o time vem jogando mal. Ao meu modo de ver, a assertiva está correta; entretanto, a extraordinária campanha tricolor do primeiro turno, com incríveis setenta e dois por cento de aproveitamento, viabiliza os tropeços do momento. Em outros termos, o Grêmio não precisa jogar bem para ser campeão; já chegamos ao final do campeonato e o que vale é os três pontos. Por isso, o triunfo sobre o rival, ainda que sofrido, como o que aconteceu diante do Sport na última rodada, é o mais importante. Além do mais, em um certame tão longo, ninguém consegue manter o mesmo padrão de jogo durante as trinta e oito rodadas.
Dessa forma, para minha tristeza, vislumbro como muito grandes as chances do Grêmio chegar ao título do Campeonato Brasileiro. Somente uma reviravolta muito grande poderia fazer com que isso não acontecesse. Assim espero...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Jeitinho brasileiro


Pela pertinência do tema, tomo a liberdade de compartilhar com os leitores do blog o desabafo acerca da sociedade brasileira, feita pelo meu irmão. O Fábio era amigo do rapaz morto na festa ocorrida na ASFINTER no fim de samana passado. Então, utilizo este espaço para dividir com vocês o texto.

Jeitinho brasileiro - 23/10/2008

Essa semana vimos inúmeras tragédias acontecerem no país, tudo começou com o seqüestro da menina Eloá em Santo André, depois para a trágica morte causada por uma bala “perdida” sobre um estudante de direito na asfinter em Porto Alegre. Assistimos ao vivo em rede nacional a incompetência da policia brasileira, o controle que o crime tem sobre o Brasil e a total falta de segurança que assombra a todos.
Tento não culpar Lindemberg ou a policia, até mesmo o covarde que atirou três vezes em direção a uma festa com 3 mil pessoas. Culpo a nós mesmos. A sociedade Brasileira continua crescendo e junto com ela, também a sua violência e impotência da população que vê suas vidas serem tiradas pelas armas de criminosos. Vivemos em um país sitiado pelo crime. Pensávamos que tiros e balas perdidas eram fatos que somente aconteciam nos bailes funks das favelas do Rio de Janeiro, mas agora sentimos na pele que também estamos sujeitos a isso até mesmo nas festas em que freqüentávamos na cidade, poderia ter sido qualquer um, até eu. Atribuo o causador de todos esses problemas, não somente a falta de policiais, que mal pagos, mal treinados e sem recursos não possuem capacidade de combater o crime nas principais cidades brasileiras, mas principalmente a educação que nossa sociedade passa para seus filhos. Crescemos com a idéia de que o brasileiro é malandro, que sempre faz as coisas pelo lado mais fácil, onde passar os outros para traz não é defeito, e sim qualidade, o velho “jeitinho Brasileiro”. Esse jeitinho que faz o Robinho pedalar e nossas mães chorar.
O Brasil é um país lindo, geograficamente perfeito, temos ouro, água, petróleo e estamos distantes dos desastres naturais, porem, não percebemos o verdadeiro problema, o seu povo. Temos tudo nas mãos mas não sabemos usar, fazemos mal feito, de qualquer maneira com muita malandragem e pouca competência. Onde estão os políticos de verdade? Talvez ocupados descobrindo um novo golpe para desviar dinheiro para suas cuecas imundas. Por que esse congelamento intelectual? Onde estão os Getúlios e bons políticos? Vejo um futuro negro para a nação, a ausência de governantes que ao invez de usar seus cargos como uma forma de melhorar o país, usufruem deles apenas para visibilidade própria ou um bom salário. Até quando vamos eleger Tarcisos, Brasinhas, Greminhos e gaúchos da copa? É esse é o Brasil, onde somos malandro e tudo é piada até política.
Infelizmente estamos virando uma nação acostumada com a incompetência, onde as mortes e os crimes viraram apenas mais uma manchete de jornal na semana, que nos próximos dias será substituída por outro escândalo ou perdera espaço para mais um drible de Robinho. Até quando vamos morrer jovens, seja da arma de um bandido ou policial corrupto? Quando vamos nos preocupar com o que realmente interessa? Enquanto não fazemos nada para mudar essa mentalidade continuamos lendo as mesmas tristes manchetes, mais um filho morto, mais um amigo morto. Esse é o ”jeitinho Brasileiro”.

Ass: Fabio Conceição

sábado, 18 de outubro de 2008

A Crise do Capitalismo Financeiro e Nova (?) Ordem Mundial

Os leitores do blog já devem ter percebido, após alguns meses de vida do (Gol)pe de Estado, que sou um cidadão que gosta de teorias. Para qualquer situação da existência humana busco uma fundamentação teórica que dê embasamento aos fatos, sejam estes passados, presentes ou futuros. Quando estas teorias dizem respeito à Ciência Política e suas decorrências, então, aí sim é que as questões se tornam mais interessantes e controversas.
Nesse sentido, já que estamos passando por um momento de extrema importância no cenário político-econômico mundial, resolvi falar um pouco do assunto aqui no blog. As teorias que balizam o entendimento majoritário dos países sobre essas situações estão em xeque; diversos governantes mudaram suas posturas diante do crash. Assim, me proponho a elaborar uma visão geral do assunto, o que faço nos termos a seguir.
As teorias político-econômicas clássicas apresentadas, notadamente, por Adrian Smith e Karl Marx, foram chamadas de Liberalismo e Marxismo (Comunismo/Socialismo), respectivamente. O meu propósito, neste post, não é adentrar nos meandros de cada idéia, até porque isso levaria muito tempo. O que é necessário saber, por ora, é que o Estado Liberal seria aquele no qual a intervenção estatal seria mínima, deixando a cargo do mercado a função de regular a economia, respeitando a propriedade privada e a liberdade para contratar. Já o Estado Marxista pregava uma maior presença do Estado nas questões econômicas, tendo o mercado um papel coadjuvante no contexto social; a coletividade deveria se apropriar dos meios de produção.
O que se viu ao longo da história foi uma grande dissidência relacionada à aplicabilidade dessas teorias, gerando um conflito entre os apoiadores de cada lado. Após passar por muitas crises, sendo a principal delas a de 1929, a teoria liberal consolidou-se através do chamado Capitalismo Financeiro, sistema que começou a se fazer presente nos anos 90. A teoria socialista ruiu junto com o Muro de Berlim, em 1989, representando a queda do país que mais se esforçou em estabelecer os institutos comunistas, a União Soviética.
A partir de então, o mundo pareceu estar convencido do sistema que deveria vigorar; a Globalização foi um fenômeno que consolidou a vitória liberal e gerou uma suposta unanimidade entre os países. O fim da história foi decretado e uma Nova Ordem Mundial estava instaurada. A sociedade não precisava mais de teorias político-econômicas; só haveria de existir uma, a vitoriosa teoria liberal, e quem não se alinhasse ao sistema sofreria graves conseqüências (vide Cuba).
Chegamos, então, ao ano de 2008 e o cenário é este: bolsas quebrando, crise mundial de crédito e uma tremenda preocupação com o futuro. Numa decisão histórica, os governos da Inglaterra e dos Estados Unidos, contrariando as suas orientações ideológicas, injetaram bilhões na economia e salvaram várias conglomerados financeiras da falência, representando uma intervenção histórica. Este setembro de 2008 será lembrado com a mesma importância que 1929: o dia em que, mais uma vez, o mercado se curvou ao Estado.
Mas afinal, aonde erramos? Será que confiamos demais em instituições que antes se mostravam quase perfeitas? Me parece que sim. Ficou claro que a sociedade não pode depender do humor dos investidores e especuladores. Mas também acredito que não é razoável que o Estado intervenha da forma imaginada pelos socialistas. Um meio termo diferente do well-fare state europeu precisa ser imaginado. Um modelo econômico que proteja a liberdade e a concorrência, mas ao mesmo tempo que fiscalize a atuação dos agentes econômicos.
Para mim, a grande lição que fica dessa situação é que não existe teoria que não seja desbancada pela realidade. Por mais que aprecie o cientificismo, devo admitir que os fatos ensejam uma conduta mais relativizada. O homem é ele e suas circunstâncias; pois eu acredito que o homem é ele, suas circunstâncias e suas contradições. A realidade faz com que a sociedade se contradiga a todo momento e devemos aprender a conviver com isso.




domingo, 12 de outubro de 2008

Eleições na terrinha

Encerrada a temporada de futebol, resta-me adentrar no campo político do blog.
Sabemos as ligações deste blog com a velha “Big River”. Ainda como morador destas terras, penso que caiba uma análise apurada – e, se possível, isenta – do processo eleitoral transcorrido por aqui.
“Com Fábio Branco, mais uma vez”. Este não foi o jingle que dominou a campanha eleitoral, mas acabou sendo o vencedor.
Fábio Branco apresentou uma coligação de 11 partidos (PMDB – PSDB – PPS – PTB – PSB – PDT – PHS – PRB – PR – PSC – PP), e, se não estou errado, 139 candidatos a vereador, aproximadamente 12 minutos de propaganda eleitoral, e obras espalhadas pela cidade. Assim, como se não bastasse a força de seu sobrenome, a lembrança positiva de sua administração pela maioria dos riograndinos, Fábio Branco teoricamente contaria com 139 equipes a seu favor. Teoricamente, se 139 candidatos a vereador, com uma média de 3 apoiadores “não familiares” por cabeça, se dedicam a tua campanha, tu és imbatível. Na prática, muitos candidatos não têm estrutura e outros não fizeram campanha para a majoritária da coligação. Ainda assim, os candidatos de maior estrutura participaram ativamente da campanha de Fábio Branco.
O programa eleitoral do PMDB foi, certamente, em minha opinião, e com total respeito aos produtores, extremamente fraco, especialmente no primeiro mês de campanha. O tempo privilegiado foi usado com minutos e minutos de músicas e imagens repetitivas. O jingle foi o mesmo das três campanhas anteriores, com leves adaptações. As imagens de fundo foram as obras da Presidente Vargas e da XV de Novembro, já exploradas em campanhas anteriores, e que, atualmente, devem render votos circunscritos aos habitantes das respectivas regiões.
“Ele voltou”. “Ele você conhece, nele você confia”. Estas foram as principais frases utilizadas pelas apresentadoras do programa (as mesmas de três campanhas!). O uso irregular de propaganda em ambulâncias, ocorrido em 2004, e motivo da renúncia da candidatura de Fábio Branco e de sua condenação foi explorada como uma “injustiça”. Certamente esta estratégia não foi exitosa para os eleitores mais esclarecidos.
Em fundo escuro, com a voz embargada, e o olhar choroso, Fábio Branco lembrou do tio, Wilson Branco, momento que teve uma receptividade negativa muito forte na comunidade. De lado a lado, existe um respeito muito grande pela memória do ex-prefeito, morto nas vésperas das eleições de 2000. Mas o uso constante de sua imagem para fins eleitorais tem mais desgastado seus familiares do que gerado apoio.
A P-53 foi explorada como uma conquista do governo Branco para a cidade de Rio Grande, muito embora seja uma contradição tremenda a família Branco afirmar isto e ter estado sempre ao lado dos candidatos do PSDB à Presidência, estes compromissados com políticas que afastavam estes investimentos do Brasil.
Onze partidos, grandes nomes ao legislativo municipal, 12 minutos de propaganda eleitoral, dois deputados estaduais e um federal ao seu lado, e Fábio Branco saiu vencedor das urnas, com uma redução de quase 25% do eleitorado de 2004, obtendo 60.471 votos, com 9 vereadores de sua coligação eleitos.
Dirceu Lopes, da Frente Popular (PT – PC do B – PTC) obteve 46.274 votos, a maior votação da história da esquerda de Rio Grande. Quatro vereadores da coligação foram eleitos. Com pouco mais de 4 minutos de propaganda eleitoral e apenas 20 candidatos a vereança, as intenções de voto aumentaram muito com as inserções do apoio do Presidente Lula, um privilégio que não ocorreu em muitas outras cidades.
Ex-vereador do Rio Grande, ex-secretário do governo Olívio Dutra e do governo Lula, Dirceu Lopes teve imensas dificuldades em se fazer lembrado novamente pela comunidade. A campanha pemedebista percebeu isto e explorou ao longo do pleito o fato de Fábio Branco ser morador do Rio Grande, e Dirceu não, ligando isso a uma suposta incapacidade de governar a cidade. (daí que devemos perguntar se os atuais governantes de nossa cidade moram mesmo aqui, dado o estado insatisfatório, ao menos por mim assim considerado, da qualidade de nossos bairros).
Com baixo orçamento, os programas eleitorais da Frente Popular foram propositivos, deixando de lado a postura agressiva adotada em 2004.
Contudo, seriam outros dois fatos os mais prejudiciais a candidatura de Dirceu Lopes.
Ao surpreendente crescimento das intenções de voto pró-Dirceu sucedeu-se o episódio dos tiros e pichações em uma das sedes centrais do PMDB. Além disso, horas antes do debate da RBSTV, a coligação de Fábio Branco inseriu denúncias, em horário nobre, contra Dirceu Lopes, que acabaram por gerar um forte direito de resposta da Frente Popular, concedido no dia seguinte.
Estes lamentáveis fatos, cujas repercussões foram extremamente negativas ao candidato petista, estancaram um crescimento surpreendente da candidatura da oposição.
Philomena, do PV, novamente cumpriu seu papel, oferecendo propostas alternativas, tentando fazer frente à polarização PT-PMDB. Contudo, diminuiu quase em 50% sua votação em comparação com 2004. Talvez o candidato já tenha nome consolidado para uma disputa tranqüila pela vereança, podendo discutir suas propostas no cotidiano, e não somente de 4 em 4 anos.
Rubens Goldenberg (DEM) e Carlinhos Pescador (PSOL) ficaram abaixo dos mil votos.
Só posso desejar um bom governo ao prefeito eleito (uma vez isto significa uma vida melhor para os riograndinos) na certeza de que terá fiscalização dobrada na Câmara de Vereadores nos próximos quatro anos.

sábado, 11 de outubro de 2008

Funil

O campeonato brasileiro está chegando ao seu final. Faltando nove rodadas, a tabela de classificação mostra o Grêmio em primeiro lugar, seguido de perto pelo Palmeiras e ,um pouco mais longe, pelo Cruzeiro e pelo São Paulo. A diferença do Grêmio para o São Paulo é de apenas quatro pontos. Isso mostra o quão equilibrado está o certame; desde o advento dos pontos corridos, este é, sem dúvida, o embate mais emocionante. Dessa forma, passo à análise individual dos quatro postulantes ao título do campeonato de futebol mais importante do país.
O Tricolor gaúcho, ao meu ver, é o favorito. Digo isso baseado em situações empíricas que julgo favoráveis aos Azuis. A primeira delas é o técnico Celso Roth; sem inventar, colocando o jogador apropriado para cada posição, mesmo em caso de lesão, o comandante é responsável direto pela organização tática da equipe. O segundo fator importante é a competência da direção. Os cartolas disponibilizaram uma fartura de bons jogadores e acrescentaram mais qualidade com garotos vindos das categorias de base. Maior exemplo disso é Douglas, que entrou no time para não sair mais. Em terceiro lugar, destacaria o fator sorte. Não sou fiel à teoria de que todo sucesso se deve ao acaso, mas me sinto obrigado a reconhecer que o Grêmio, no campeonato brasileiro, está com "sorte de campeão", citando o jargão futebolístico. O fato mais representativo dessa situação é a tabela de jogos. Após ser constrangedoramente goleado no clássico, o Tricolor, no seu momento mais difícil, aonde precisava renascer das cinzas, mostrou possuir uma afortunada estrela. Dois jogos em casa, o primeiro contra um Botafogo desestabilizado e sem o seu artilheiro e depois uma partida fácil contra um irreconhecível Santos foram suficientes para relançar o Tricolor ao primeiro posto. Além disso, na próxima rodada, o Grêmio pega a Portuguesa, candidata ao rebaixamento, enquanto São Paulo e Palmeiras se enfrentam. Não há demérito nenhum nisso, pelo contrário; futebol é momento e quando o Grêmio mais precisava de jogos fáceis e do apoio de sua torcida, aconteceu. Sorte dos Azuis que ganharam os dois jogos e voltaram à primeira posição.
Serguindo a tabela, encontra-se o Palmeiras de Wanderley Luxemburgo, a mais perigosa ameaça ao sonho gremista. Com um elenco caro e contando com os serviços do melhor treinador do país, os Verdes jogam o melhor futebol do país, ao meu ver. Entretanto, se quiser sair vencedor em dezembro, o Palmeiras precisará aprender a ganhar fora de casa, algo que não vem conseguindo fazer ao longo deste campeonato. O empate contra o Figueirense no meio de semana foi sintomático.

Quanto ao Cruzeiro, confesso que é uma incógnita pra mim. Os poucos jogos que assisti da Raposa neste ano foram muito claros ao mostrar uma equipe nada mais do que média. Não compactuo com a opinião de que Guilherme é um craque, por exemplo. Mesmo assim, ao estilo mineiro, o Cruzeiro vai angariando bons resultados e ocupa a terceira posição.
Em quarto lugar aparece o São Paulo do nosso velho conhecido Muricy Ramalho. Bom e velho Muricy; quem começou a conquistar os grandes títulos de 2006 do Internacional foi ele e seu grande trabalho no Colorado. Mas isso é papo para outro post. Em se tratando de Tricolor paulista, acredito no potencial deste time. Deve incomodar nas últimas rodadas; não faz muito estava uns dez pontos atrás do líder. Agora são somente quatro. Se Grêmio, Palmeiras e Cruzeiro vacilarem, podem apostar que os são-paulinos faturam.
Portanto, é fácil observar que a briga será acirrada até o final da competição. A medida que o campenato afunila, poderemos ter uma visão mais clara do campeão. Joguem suas fichas!
P.S.: o Gre-nal foi apenas um lampejo de bom futebol; esse Internacional é o mesmo que tomou quatro do quase-rebaixado Vasco da Gama e perdeu do glorioso Ipatinga.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Fogaça, Douglas Costa e Clemer

O Rio Grande do Sul viveu um fim de semana cheio. Os gaúchos foram às urnas e escolheram seus representantes políticos municipais, ou, como aconteceu em algumas cidades, definiram quais candidatos disputarão a finalísima. Rio Grande (big) manteve a "dinastia" Branco, enquanto na capital, a tendência se concretizou. Fogaça e Maria do Rosário irão disputar o 2º turno. Entretanto, não vislumbro, pelo menos por enquanto, chances de vitória da candidata petista. A votação feita pelo atual prefeito foi avassaladora. Fogaça obteve incríveis 43% dos votos dos porto alegrenses, uma vantagem sensacional, praticamente garantindo seu segundo mandando, tendo em vista que, quem votou no candidato do PMDB não vota, com certeza, em Maria do Rosário, do PT. Basta agora aguardarmos as tão esperadas alianças políticas para o segundo turno, o que definirá quem vai sair campeão do pleito.

Um pouco antes, no sábado à tarde, o Grêmio voltou a vencer, com as calças na mão, diga-se de passagem. Mas o fato mais relevante deste jogo foi a estréia de Douglas Costa. Promessa gremista. Um pouco tímido, mas quando tocava na bola ficava claro a sua diferença perto dos outros 21 jogadores em campo. Não foi a toa que o "neguinho" fez o gol de empate, e armou todas as jogadas perigosas do Grêmio. É pouco ainda para dizer se será um craque, haja vista as inúmeras estrelas que surgem e acabam não vingando. Mas, depois de uma derrota terrível sofrida domingo passado, o torcedor gremista viveu um sábado mais leve e voltou a ter esperança na conquista do tri campeonato, ao mesmo tempo em que viu surgir um possível craque.

Encerrando os personagens do fim de semana, não há como passar batido o maior goleiro da história colorada. Sim, é ele, Clemer! Me impressiona o fato de que depois de, sei lá, 20 anos de carreira, ainda não se sabe se Clemer é (foi) um bom ou ruim guarda metas. Clemer é capaz de defender uma bomba de Deco no ângulo, na final de um mundial, mas também é capaz de chutar nas costas de Dimba e a bola entrar em seu gol. Clemer é capaz de fazer defesas milagrosas e logo em seguida chutar de rosca para trás e fazer um gol contra bizonho. Neste sábado, Clemer protagonizou, juntamente com Índio, seu coadjuvante na lambança, um dos momentos mais bizarros dos últimos anos, talvez o lance que tenha definido a partida, uma vez que naquele momento o Inter vencia o jogo por 1x0. O Coritiba empatava ali e terminaria vencendo o jogo de 4 x 2, dificultando muito o sonho vermelho de disputar a Libertadores de América no ano de seu centenário.

Fogaça, Douglas e Clemer, os personagens do final de semana gaúcho!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O debate de Luciana


Como este espaço é, espero, democrático acima de tudo, peço permissão para expressar minha opinião acerca do debate ocorrido nesta noite, na RBS. Já antecipo que meu voto, por pura convicção política, não será de Luciana Genro, mas não tenho como não admitir minha admiração pela socialista. Luciana foi a figura que mais se destacou no debate de hoje, composto por José Fogaça, Maria do Rosário, Onix, Marchesan e Manuela. Muito combativa, Luciana Genro não deu folga para os outros candidatos. Cutucou os erros e as contradições do passado político de seus oponentes, deixando-os em várias oportunidades em situação de desconforto. Atacou muito bem Maria do Rosário, vinculando-a a questões políticas negativas relacionadas ao governo Lula, como a corrupção e as votações no congresso onde os deputados petistas são obrigados a votar no sentido escolhido pelo partido. Cobrou com dados precisos alguns defeitos estruturais do governo fogaça, como falta de investimentos em saúde e educação e o excesso de dinheiro público destinados à propaganda. Criticou muito bem a partidarização dos órgãos públicos com cargos de comissão. Mas, além dessas críticas pontuais, Luciana, a meu ver, tem a melhor oratória no que se refere ao estilo político de ser. Não se apavora frente às câmeras, sempre segura, valente, argumentativa. Já admirava a candidata do PSOL antes. Expulsa do PT por não ter se ajoelhado aos mandamentos do alto escalão do partido. Nessas eleições, a atuação como uma política forte de Luciana me agradou muito. Penso eu que a socialista vai continuar a incomodar muita gente ao longo de sua carreira. Inclusive gente da família

a aldeia.

infelizmente fui apresentado exatamente do jeito que eu pedi para não ser, pelo stefan. provavelmente vou frustrar as expectativas dele, tanto do extremismo quanto da freqüência. pelo menos ele me deu sinal verde pra eu mandar as maiúsculas às favas, coisa que ele diz que é uma marca registrada minha e que outro amigo meu diz que é marca registrada de todos publicitários, o que eu sou.

não deixa de ser oportunismo eu aproveitar (?) logo um repé de goleada pro inter pra postar sobre isso. portanto, antes de mais nada: não, eu não estou me referindo ao jogo de domingo. nem vou citar a análise do jogo, porque eu concordo 100% com o thiago (?!), mesmo achando que foi, sim, pênalti. não mudaria nada, mas foi pênalti.

enfim.

identidade cultural é uma coisa que faz balançar o rio grande do sul entre dois países: o brasil e a hermanolândia. quem nos chama de argentinos tem lá seus motivos, e não falo aqui dos gremistas, mas sim dos gaúchos em geral. imagino que isso possa provocar a ira de alguns colorados, mas não me refiro ao comportamento das torcidas, e sim à verdadeira origem do gaúcho. e não é por menos: tordesilhas custou a nos colocar no lado português da américa latina.

bairrismo, então, é uma questão forte pra nós. acima do rio - não o de janeiro, mas o mampituba, mesmo - é tudo baiano. e é uma questão forte pros baianos, também: algo a ser combatido. no fundo, tenho certeza que nos maiores momentos de raiva contra a nossa própria arrogância sulina, o brasileiro regular também tem saudades do separatismo. se safariam assim de engolir grossos como o dunga de 94 e o felipão de 2002.

eu tenho medo da paranóia. juro que me seguro pra não sair bradando que estão, mesmo, roubando de nós. e é difícil saber se a merda é sincera ou não, porque não depende de ti, e teoria da conspiração é o que não falta nesse mundo.
mas uma hora a diarréia sai. são anos, já. quem é mais velho que eu jura que eu sou piá nessa história, quando digo que aturo o grêmio sendo roubado desde 96. e eu acho que eles têm razão. eu só não aturo há mais tempo porque eu passei a gostar de ver futebol quando morei fora do país, entre 93 e 95. nunca vou me esquecer da semifinal da copa do brasil de 96, gol do jardel com um zagueiro palmeirense dentro do gol. anulado.

2005 ajudou, mas em termos. ainda acho emocionante que alguns colorados não admitam a possibilidade de haver maracutaia. por exemplo, nunca vi ninguém concordar comigo com a idéia de que o inter praticamente garantiu o título são-paulino no brasileirão de 2006: um time que tinha investido tanto naquele ano não poderia ficar sem uma taça importante, e já que o bi mundial consecutivo havia morrido, tinha que se encontrar outro caminho. eu lembro de vários, mas vários mesmo, lances milagrosos a favor do tricolor paulista naquele ano, um jogo após o outro. e não foi só isso. a dupla gre-nal, que disputava o título aquele ano, foi sorrateiramente garfeada o tempo todo. o grêmio mesmo foi especialmente sacaneado no jogo contra o são paulo no olímpico, em outubro. o lance mais emblemático foi uma falta sobre o rafinha feita pelo último homem do são paulo, próximo à grande área. seria no mínimo lance pra cartão amarelo, mas a falta sequer foi marcada.

foi por causa daquele lance que eu comecei, na "minha" coluna do semcaneleira.com, a me referir ao campeonato que a dupla gre-nal jogava como Brasileirão Plus, uma edição especial do Campeonato Brasileiro, com nível de dificuldade maior. e é por causa de vários lances da mesma família daquele que este ano eu estou tendo que perder o medo de incorrer na paranóia e dizer de novo: estamos sendo roubados.

foi foda ficar sabendo que domingo à noite, no terceiro tempo, da band, o milton neves foi "intimado" pelo godói e o marcelo tas, do cqc, a revelar aquilo que o evandro román disse a ele nos bastidores sobre o grêmio. a frase, pelo que consta, seria "eles não vão deixar o grêmio ganhar. e nem chegar à libertadores. 5º lugar já tá bom pra eles". como eu disse, não acredito que houve roubo no grenal, mas nos dois jogos anteriores houve claras negligências ao tricolor.

até pouco tempo atrás, eu ainda estava vendo que havia erros pra mais e pra menos. o grêmio com o gol ridículo contra o são paulo, em oposição a uma série de jogos do início do campeonato (flamengo e santos, por exemplo); o inter e 3 ou 4 gols em impedimento, acho que todos eles do nilmar, em contraponto a lances ridículos como o pênalti contra o atlético paranaense. mas o brasileiro começou a chegar na reta final e a coisa começou a ficar preocupante. pra sorte dos baianos, fica mais fácil roubar de um time que apresenta queda de rendimento.

o Brasileirão Plus chega na sua edição 2008. é só mais uma coisa pra reforçar o sentimendo de que a gauchada joga o campeonato como um convidado indesejado, filhos bastardos. e pior: ousa estragar a festa. a aldeia dos gauleses, aquela maldita resistência, os caras que deveriam fazer parte de outro país.
pelo menos ver aquela quase-denúncia ao vivo na televisão trouxe um alívio: não somos paranóicos. somos apenas otários. não sei mais se isso é melhor ou é pior.