sábado, 25 de abril de 2009

Sobre o Internacional

Muito se tem falado sobre o atual time do Internacional. Os torcedores estão eufóricos, a imprensa esportiva dá amplo destaque às atuações do time e os adversários elogiam o Colorado, apontando-o como melhor equipe de futebol do país no momento. Dentro desse quadro, tomo a liberdade de escrever algumas linhas sobre o que penso do momento do Internacional, esperando contribuir para o debate.
Vou começar fazendo uma análise tática de como joga o Colorado. O técnico Tite armou um esquema que se aproxima muito de um 4-4-2 clássico, tendo como principal virtude a troca rápida e precisa de passes. Na defesa, dois zagueiros técnicos e experientes, Índio e Álvaro. Nas laterais, temos Kléber, da Seleção, com uma capacidade muito boa de passe e infiltração e Bolívar, zagueiro de origem, que mais cobre os avanços de Guiñazu e Magrão do que qualquer outra coisa. Mas é no meio que o Colorado possui a sua maior força. Sandro, primeiro-volante moderno, exímio marcador e muito técnico. Ao lado dele, Magrão e Guiñazu, ambos com uma capacidade de contenção muito grande, mas com uma chegada na frente interessante, notadamente o primeiro. Em seguida, D'Alessandro. O camisa 10 clássico, muito raro no futebol contemporâneo. O gringo está jogando muito. Finalmente, o ataque se completa com Taison e Nilmar; o primeiro grande promessa colorada, artilheiro do time em 2009; o segundo dispensa comentários, atormenta qualquer defesa. A mecânica do time gira em torno do meio e do ataque, com uma participação intensa de Magrão e Guinãzu, o diferencial de D'Alessandro, e a velocidade dos dois atacantes. É nesse ponto que o Internacional tem conseguido ganhar os jogos, se aproveitando da qualidade desses jogadores.
Porém, nenhum time é equilibrado e perfeito. Dentro dessa lógica, vemos que a zaga colorada apresenta falhas na bola aérea, especialmente em Álvaro. O zagueiro até que possui um pouco de técnica, mas é baixo e tem uma recuperação de bola lenta. No meu time, seria reserva. Danny Morais e Sorondo, se voltar em forma, são mais zagueiros que Álvaro. Na lateral-direita, Bolívar, o jogador mais contestado do Beira-Rio, apresenta graves defeitos. Mas é bom que se diga que é um zagueiro jogando na lateral. Não é possível se exigir que Bolívar suba e faça jogadas criativas ou cruze com qualidade. É uma improvisação porque não existe um lateral-direito aceitável no Internacional. Os reservas Arílton e Danilo Silva não são melhores que Bolívar. Além do mais, o zagueiro campeão da Libertadores em 2006 guarnece a defesa, já que Magrão e Guiñazu saem bastante. Estes são os motivos que o fazem titular no time de Tite.
Ainda é preciso tecer alguns comentários sobre as circunstâncias dos jogos e atuações do Internacional em 2009. Existem alguns fatos que influenciam, de certa forma, tudo o que está sendo dito sobre o time e eles são facilmente visualizáveis. Em primeiro lugar, os adversários. O Internacional enfrentou apenas um time de primeira divisão este ano, e foi o Grêmio. Obteve 3 vitórias, é verdade. Mas Gre-Nal é um jogo à parte e não serve de parâmetro. O Colorado ainda precisa ser testado. Além disso, as melhores atuações ocorreram em casa. Ano passado, o clube do Beira-Rio vencia seus jogos no Gigante, porém, fora de casa, não conseguia atuar bem. E, do meu ponto de vista, um bom time de futebol é aquele que joga bem dentro e fora de casa. É preciso relembrar que, na Copa do Brasil, o Internacional perdeu para o Rondonópolis, no campo do adversário, e venceu o Guarani, porém com uma atuação ruim.
Portanto, considero os elogios um exagero. Chamar este Internacional de "Rolo Compressor" é, no mínimo, uma precipitação. O time tem potencial, mas ainda é muito cedo para se fazer um comentário definitivo. É preciso ter calma e esperar o restante dos jogos. Além disso, o desempenho do Internacional em 2009 está intimamente ligado à disputa gremista na Libertadores. Uma eventual vitória do Grêmio nessa competição seria algo desastroso para as pretensões coloradas, visto que se trata do ano do centenário. Sequemos, então!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Um novo destino ao Grêmio

Ao mesmo tempo que a saída de Celso Roth causa um grande alívio para o torcedor do Grêmio, preocupa-me a possibilidade de que a partir de agora os equivocos mais graves que assolam o atual momento do tricolor sejam esquecidos. A demissão de Celso Roth não é um mérito da Direção, um ato de coragem, ou qualquer coisa deste tipo. Trata-se de uma obrigação, que há muito já se impunha. Mas para Duda e Krieger, coisas óbvias demorarm a ser percebidas. Uma análise um pouco mais inteligente exclui de Celso a culpa integral pelo baixo rendimento da equipe neste ano. Ao contrário, entendo que a culpa pode, inclusive, ser dividida com os homens de futebol, basta olhar para o grupo de jogadores que Grêmio formou. A direção, de forma estúpida, primou pela quantidade, mas esqueceu do óbvio, a qualidade. Fato tranquilamente perceptivel na medida em que nenhum dos jogadores contratados em 2009 estão no rol dos melhores do time. Os que ainda se salvam são remanescentes de 2008, isto é da gestão passada.

Não sei até que ponto o Grêmio, realmente, está quebrado como é constantemente dito pelos dirigentes gremistas. Quem banca R$ 220,00 para um técnico como Celso Roth e paga o mesmo para Maxi Lopes, que fez somente 29 gols na carreira, não parece estar a beira da bancarrota, para mim, isto soa mais a idiotice mesmo.

Falta ao Grêmio um novo modelo de gestão. Mais moderno, jovem. A primeira coisa a fazer e tirar essas múmias que ainda vagam pelos corredores do Olímpico com suas idéias estagnadas. Precisamos de uma Direção ativa, vibrante, inteligente e com visão de futebol. Pelo menos o primeiro passo foi dado, que era demitir Roth, vejamos agora quem será o escolhido para assumir essa bronca. Eu voto por Portalupi mesmo. Acho que a presença dele pode incendiar o ânimo de todos e reconectar time e torcida, fator essencial para uma disputa do porte da Libertadores.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A pátria de chuteiras?


Não sei ao certo quando se consolidou, efetivamente, o processo de exportação em massa de jogadores brasileiros para os clubes europeus. A data certa de tal acontecimento não é o mais importante, o que interessa mesmo é observarmos as consequencias disto. A realidade brasileira talvez seja a mais apta a demonstrar esta despersonalização que vem ocorrendo com os jogadores de futebol. Nossos atletas acabam, por diversas circunstâncias, se transferindo muito cedo para outros países. A grande maioria para a Europa, já que lá é que está o dinheiro. Somando-se a isso, esta nova realidade fez surgir a figura dos "empresários", que mediante negociações obscuras adquirem porcentagens de jogadores e intermediam as vendas destes para os clubes europeus. Assim, os nossos jogadores acabam deixando o país, muitos ainda em tenra idade, deslocando-se para times ricos, sendo que alguns são colocados em clubes em não tão boa situação financeira. Esses jovens se desenvolvem em outros países e acabam perdendo a identidade de brasileiros. O resultado disto já começa a ser flagrante, e é potencializado quando, de tempos em tempos, alguns desses jogadores são convocados a representar o país que há muito tempo eles não têm notícia alguma, momento em que lembram que são brasileiros. Dessa maneira ocorre uma desconexão entre os jogadores e o país que eles representam, gerando o sentimento de que os brasileiros não mais se sentem representados por aqueles que vestem a camisa da seleção, sendo que a recíproca é verdadeira. Tais fatores fizeram com que as pessoas deixassem de ser torcedores da seleção. Fácil perceber a enorme diferença entre jogos do Brasil e dos clubes. Ninguém comemora de verdade gol do Brasil. Eu não comemoro. No máximo um “oh, gol”. Não há qualquer vibração nos churrascos, nos bares, nem mesmo no estádio. Ontem no Beira-rio isto ficou mais claro do que nunca. Estádio com vários espaços vazios. Torcida quieta. Até um certo tédio se abateu no segundo tempo. Não era o Inter nem o Grêmio que estava ali. Não que os jogadores que aqui estão sejam irretocáveis, mas há a identificação, o sentimento, que, infelizmente, não existe mais pela a seleção brasileira. Sinceramente não sei como esta triste realidade pode mudar.