sexta-feira, 2 de maio de 2008

A polêmica do terceiro mandato e suas impropriedades políticas.

Durante os últimos meses pudemos observar, com algum temor, os debates sobre a possibilidade de o nosso atual presidente candidatar-se a um eventual terceiro mandato, completando, assim, 12 anos no poder. Essa situação está implícita no discurso daqueles que são favoráveis ao continuísmo do governo Lula, embora muitos não assumam publicamente as suas idéias. Uma tática inteligente, diga-se de passagem, já que o assunto ainda está sendo digerido pela população brasileira.
Cabe a nós, então, como cidadãos, discutir se isso realmente seria benéfico para o país. É isso que proponho a vocês, caros leitores do blog: uma reflexão sobre essa questão que entrará na pauta política dos brasileiros num futuro próximo. Antes, porém, algumas questões merecem ser dissecadas, mesmo que brevemente, para que a opinião seja formada de forma clara e esclarecida.
A democracia que buscamos incessantemente no Brasil, positivada pela Constituição de 1988, opõe-se, notadamente, aos governos militares que a antecederam. A partir do golpe militar de 1964, alguns presidentes tomaram o poder para si, eliminando as instituições democráticas já instituídas e executando medidas que tiraram a liberdade do povo, exercendo seguidos mandatos ilegítimos, permanecendo, assim, muitos anos no poder. Ainda antes disso, temos o exemplo de Getúlio Vargas que, do ponto de vista democrático, foi extremamente impróprio.
Agora, no século XXI, após construirmos as bases do país que um dia idealizamos, a tentação do continuísmo toma conta de alguns segmentos políticos, inclusive aqueles que um dia se mostraram contra tal prática. Será que realmente seria interessante para um país carente de espírito democrático ter um presidente 12 anos no poder? Faz apenas vinte anos que promulgamos uma constituição que chamamos de cidadã e que visava, quase que exclusivamente, mostrar uma alternativa às ditaduras anteriores. O terceiro mandato se mostra como um retrocesso, aproximando Lula de Getúlio, que permaneceu 15 anos seguidos nos poder.
Acredito que uma democracia se constrói com alternância de governos e idéias, ainda que alguns pensamentos devam estar consolidados. A pluralidade de partidos e visões políticas é sadia para que o povo possa tomar suas decisões observando vários pontos de vista. Portanto, a possibilidade de termos um mesmo presidente por 12 anos torna-se incompatível com os preceitos fundamentais da matriz ideológica presente na democracia. Espera-se, dessa forma, que os representantes do povo não tenham perdido a lucidez, ainda. O Brasil agradece.

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo texto Stefan. Concordo plenamente. Uma vez assisti um filme onde um personagem disse uma frase que é muito pontual nesse contexto "políticos são como fraudas. Devem ser trocados regularmente e pelos mesmos motivos"