segunda-feira, 21 de abril de 2008

Campeonato brasileiro, e a enfadonha “justiça” dos pontos corridos

Enquanto os campeonatos regionais adentram na suas fases finais, vem se aproximando mais um campeonato brasileiro; ainda, sob a “justa” fórmula dos pontos corridos. Desde a entrada em vigor deste critério de classificação, tenho sido um ferrenho crítico desta fórmula. Trata-se de um estilo de campeonato que, sob o pretexto de ser mais justo, retira do futebol a sua face mais apaixonante, a imprevisibilidade. O futebol, antes de ser um esporte, é um entretenimento, e, sendo assim, deve ter como objetivo lógico entreter quem o assiste. Para tanto, a competição deve ser interessante, e não necessariamente justa. Quando um jogo (e futebol é simplesmente isso) visa prioritariamente um resultado justo, ele perde a graça. Sendo assim, percebe-se que a disputa do título por pontos corridos dificilmente apresentará alguma surpresa. Um campeonato com esses moldes, por ser uma competição que se estende ao longo de um ano inteiro, impede que algo imprevisível ocorra, e assim, a essência do futebol acaba ficando prejudicada. Não há mais a magia do inesperado no campeonato brasileiro. Nunca mais um São Caetano ou uma Portuguesa conseguirá chegar perto de disputar o título como a fórmula antiga permitia. Não existe mais espaço para a imprevisibilidade, para a injustiça, que são os pilares para que um jogo se torne atraente. Somente por isso se chama “jogo”. Está errada esta concepção de justiça imposta. O futebol não pode ser justo. O cerne deste esporte é a grande possibilidade de o melhor perder. Na fórmula atual, pelo grande número de partidas que se tem (sendo que, a maioria é de jogos mornos) pode até ocorrer derrotas surpreendentes durante o campeonato, mas não suficientes para fazer com que algo improvável aconteça ao final. Aí está a nova era do campeonato nacional; que se arrasta por um ano inteiro, totalmente previsível, e sem graça, restando a nós, os entretidos, nos contentarmos em ver o “melhor” sempre vencer, e a "justiça" prosperar. Velhos tempos aqueles em que na última rodada da 1ª fase, o 12º colocado não lutava para se classificar à patética sul americana, e sim para ser campeão. Bastava entrar “entre os oito”. Que saudade.

Um comentário:

vinícius disse...

cara, exatamente.

exceto por um fato: futebol é entretenimento só pra nós. atrás do pano, futebol é, mesmo, grana. e aqui, no RS, é onde a grana não tá, não importa quantos títulos o inter empilhe nessa década.