terça-feira, 11 de novembro de 2008

A batalha do marketing

Do populismo ufanista e nacionalista da era Abel ao “european-arabian dream” da era Tite. O colorado deixou de ter um grupo mobilizado para sua nação e vive um momento “ponte aérea”, onde é visível a vontade de muitos de fazer a vida lá fora, o mais rápido possível. Contexto permeado por contratações equivocadas, dentro e fora de campo.
Exceto Guiñazu, que realizaria um trabalho assistencial na África miserável ou de recolhimento de corpos na Guerra do Iraque com a mesma dedicação mostrada em campo, a todos se aplica, a meu ver, a triste realidade.
De outra parte, sem alardes, ou melhor, apesar de muitas previsões catastróficas, o G.F.P.A apresenta-se, faltando quatro rodadas para o término do Brasileiro, como o favorito ao título, pela seqüência de jogos e, especialmente, pelo inevitável momento criado pela vitória contra o perturbado Palmeiras.
Não nego estas realidades. O momento é do rival, desde 2007, é bom que se diga. E apesar de jamais respeitar a concepção de futebol (?) instalada na mente dos gremistas, a direção tricolor contratou muito bem, a preparação física mostrou-se competente e houve durante um tempo um esquema tático simples, porém “houve um esquema tático” é coisa rara no futebol brasileiro. Nos lados do Gigante, muita vaidade, muita preocupação com a maldita coroa, com o letreiro “FIFA”, entre outras atitudes que mais lembram um gurizote ao perder o cabaço (com notável atraso). Enfim, lamentável.
E isto desenha o final de 2008. O G.F.P.A luta pelo título brasileiro; o colorado pela sul-americana.
Mas eis que aos gremistas não basta o seu momento. É preciso alfinetar o rival, como dizem os mais velhos
Nesta arte, entretanto, devemos sempre olhar para nossos flancos.
Duda Mendonça elegeu Lula presidente do Brasil em 2002. Claro, Lula, como o próprio Mendonça declarou, não era um produto tão difícil de ser vendido. Com biografia intacta (Mendonça já trabalhou para o Maluf...), foi só serrar os dentes, colocar um terno alinhado, deixar a barba grisalha pra dar um tom “natalino”, uma ou outra correção facial e pronto. O populismo vinha de fábrica, com o português ninguém se importa, e, como se não bastasse tudo isso, os vendedores iam de porta em porta com mais, digamos, voracidade do que os tucanos. É bom lembrar que o adversário tinha constante aparência enferma...
Brilhante mesmo é transformar um título de série B, conquistado de forma suja, violenta e vil, em DVD, pôster, carro de bombeiros e muita festa. “A Batalha dos Aflitos” é uma aula de marketing, onde chutes num árbitro e invasão de campo são transformados em falso heroísmo, para uma nação entorpecida (ou, quem sabe, cúmplice da palhaçada).
E não faltou conivência da imprensa gaúcha, ao exaltar o dito “feito”, contra o empobrecido, mas esforçado, Náutico.
O G.F.P.A, time de grandes empresários com grandes contas bancárias, ao cair teve toda a ajuda possível. Na sua passagem pela série B, enfrentando times miseráveis, com estádios mais insalubres que o seu, mostrou-se vacilante em diversos momentos. Ao subir, fez sua obrigação.
É vergonhoso subir daquela maneira. Aliás, é vergonhoso cair. E tudo isto o G.F.P.A fez, e transformou em DVD, cinema e orgulhou-se ao ver passar na Sportv.
A sul-americana oferece um título e uma passagem pra Recopa. É a raspa da América Latina, mas são títulos internacionais, que conferem visibilidade. Dão até algum dinheiro, embora pouco. A sul-americana visa a Recopa, para o confronto com o campeão da Libertadores. Pela proposta, seria incoerente oferecer a vaga na principal competição. Mas tal qual a Copa do Brasil, deveria também ser disputada pelos clubes que disputam a Libertadores (problema brasileiro, diga-se).
É uma competição que deveria melhorar ou ser extinta. Maior premiação, mais visibilidade internacional e uma unificação dos calendários dos latinos seria um começo.
De qualquer forma, o Inter deverá ter imensas dificuldades no México, e Argentino Juniors e Estudiantes estão com força máxima. Daqui pra frente, será pedreira.
Com “A batalha dos Aflitos” o G.F.P.A estabeleceu um novo paradigma. Até torneio de botão pode ser festejado. Jogue paciência no computador, e saia pela rua buzinando. Se golear no pebolim, faça um DVD.
Assim, caso o colorado vença a sul-americana, nosso marketing deve estar atento. Preparem shows, especiais, convidem Falcão e Fernandão para dar depoimentos. Alguém poderia chorar inclusive. Vale tudo. Inclusive lembrar que a taça, se viver, tem a marca da eliminação do rival, ainda que contra seus reservas e com dois empates. Afinal, depois da “A Batalha dos Aflitos”, não há mais pudor.

2 comentários:

Anônimo disse...

O que os colorados ainda têm dificuldade, ou pior, fazem que não enxergam, é que o G.F.P.A. não fez DVD da série B, e sim, sobre a maneira com que se portou dentro de campo, "dando a vida".

O DVD não se chama "O título da Série B" e nem "Copa Dubai", ou então, "Viña del Mar". E sim, "A Batalha dos Aflitos".

Pois bem, pra variar o Grêmio foi pioneiro e o time de segunda maior torcida no estado, imitou, assim como o filho que imita o pai. Afinal, não podemos deixar de mencionar que o inter só nasceu devido a um desmembramento no G.F.P.A.


A verdade é somente uma:

o Grêmio está na frente do Internacional nos rankings de TÍTULOS, internacionais e nacionais. Não tenho dados, mas acredito que, muito provavelmente, no REGIONAL, o inter esteje na frente.

Acho que o assunto foi desvirtuado, peço perdão pelo transtorno.


Abraços de um colorado apaixonado!

BRUNO disse...

bah cara, aquele dia foi louco. Em que pese a vergonha de estar na série b (inquestionável) imagina, depois de sofrer 80 minutos, ficar com 4 jogadores a menos e um penalti contra. Por 10 minutos (tempo da confusão) era certo que o teu time iría ficar mais um ano rebaixado, deprê total. Os cara erram (ruidade a parte) e na saída de bola o teu time faz um gol. Por mais que o náutico não mereça crédito, eu fiquei pirado, chorei. Tu pirarias também e choraria que nem uma criança com aquela situação. Por isso surgiu a idéia de um dvd, porque aquilo era um enredo de filme, e o "filme" foi muito bom. Lógico que se o grêmio tivesse subido que nem o corinthians (que era a obrigação)não teria tido DVD. Apesar disso, te cumprimento por mais um belo post. abraço!