quinta-feira, 2 de abril de 2009

A pátria de chuteiras?


Não sei ao certo quando se consolidou, efetivamente, o processo de exportação em massa de jogadores brasileiros para os clubes europeus. A data certa de tal acontecimento não é o mais importante, o que interessa mesmo é observarmos as consequencias disto. A realidade brasileira talvez seja a mais apta a demonstrar esta despersonalização que vem ocorrendo com os jogadores de futebol. Nossos atletas acabam, por diversas circunstâncias, se transferindo muito cedo para outros países. A grande maioria para a Europa, já que lá é que está o dinheiro. Somando-se a isso, esta nova realidade fez surgir a figura dos "empresários", que mediante negociações obscuras adquirem porcentagens de jogadores e intermediam as vendas destes para os clubes europeus. Assim, os nossos jogadores acabam deixando o país, muitos ainda em tenra idade, deslocando-se para times ricos, sendo que alguns são colocados em clubes em não tão boa situação financeira. Esses jovens se desenvolvem em outros países e acabam perdendo a identidade de brasileiros. O resultado disto já começa a ser flagrante, e é potencializado quando, de tempos em tempos, alguns desses jogadores são convocados a representar o país que há muito tempo eles não têm notícia alguma, momento em que lembram que são brasileiros. Dessa maneira ocorre uma desconexão entre os jogadores e o país que eles representam, gerando o sentimento de que os brasileiros não mais se sentem representados por aqueles que vestem a camisa da seleção, sendo que a recíproca é verdadeira. Tais fatores fizeram com que as pessoas deixassem de ser torcedores da seleção. Fácil perceber a enorme diferença entre jogos do Brasil e dos clubes. Ninguém comemora de verdade gol do Brasil. Eu não comemoro. No máximo um “oh, gol”. Não há qualquer vibração nos churrascos, nos bares, nem mesmo no estádio. Ontem no Beira-rio isto ficou mais claro do que nunca. Estádio com vários espaços vazios. Torcida quieta. Até um certo tédio se abateu no segundo tempo. Não era o Inter nem o Grêmio que estava ali. Não que os jogadores que aqui estão sejam irretocáveis, mas há a identificação, o sentimento, que, infelizmente, não existe mais pela a seleção brasileira. Sinceramente não sei como esta triste realidade pode mudar.

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