quinta-feira, 16 de julho de 2009

Venceu quem teve o espírito


A vitória do Estudiantes significou muito mais que um simples título da Libertadores da América. Uma vez o Historiador Eduardo Bueno disse que a Libertadores não poderia ser disputada por brasileiros, já que nosso país seria o único da América que não passou por um processo revolucionário de libertação. Mas, segundo ele, somente os times gaúchos estariam autorizados a disputar a copa, uma vez que somos, na verdade, Uruguaios, cisplatinos. Mas, deixando de lado essas teorias, a partida de ontem representou exatamente isso. Um time que entendeu o espírito da competição e outro que desde o início do jogo parecia estar jogando um brasileirão. E convenhamos, são duas coisas bem diferentes. O Cruzeiro, no primeiro minuto já demonstrou nervosismo e medo. Seus jogadores, todos brasileiros, tentavam, em vão, cavar faltas a todo momento, principalmente Kléber e o patético Wágner. Do outro lado, um time corajoso, catimbeiro, mas, sobretudo, inteligente. O Estudiantes sob utilizar as artimanhas da Copa com genialidade, contra um time formado só de brasileiros nervosos e ingênuos, liderados por Adilson Batista, que um dia foi capitão de um time que não era, em essência, brasileiro, e por isso ganhou a Libertadores. E Adilson sabia disso.

A Libertadores tem essa importância e essa magia porque ela é uma das poucas competições que ainda não se racionalizaram completamente. Libertadores é diferenciada porque nela ainda vale cutuvelasso, pontapé, porrada. A Libertadores não se ganha com um gol de fora da área, na sorte, mas sim com gol de escanteio. Essa é a essência. Ainda há o estádio pequeno, chuva, o gramado esburacado, a jogada desleal sem o STJD se intrometendo depois. Alguns comentaristas não admitem, dizem que a libertadores mudou, que ela agora é racional. Não concordo. O Estudiantes mostrou ontem, para todo mundo, principalmente para os brasileiros, que a Libertadores da América ainda tem um pouco do encanto de antigamente. Venceu quem teve o espírito. Ainda bem.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Vergonha continental

Os acontecimentos que marcaram o jogo do Grêmio na quinta-feira passada, fora de campo, confirmam algumas teses que, assim como eu, muitos tinham a respeito do atual contexto que cerca a realidade política e futebolística, principalmente no que se refere ao Grêmio.

Primeiro, vejamos os fatos: Centenas de torcedores do Grêmio, que pagaram ingressos, após considerável tempo nas filas durante a semana, foram impedidos de entrar no estádio, apesar de haver sim lugar para todos eles. Mas, além disso, não satisfeitos com essa medida, a Policia, diga-se aqui MILITAR, resolveu bater nas pessoas que ali estavam. Deve-se observar que em sua esmagadora maioria, estes cidadãos somente estavam reivindicando, de forma verbal, um direito deles. E ninguém me contou, eu vi, assisti a patética cena destes militares dando de cacetete em jovens, adultos, e empurrando senhores, todos com suas carteirinhas à mostra. Uma situação absurda. Bom, para piorar ainda mais, ao término do jogo todos estávamos no aguardo de alguma manifestação do nosso educado Presidente. Ora, logicamente, que este gentleman não iria defender o torcedor, e como sempre, fez o “filme” com a mídia gaúcha, que adora uma repressão e proibições, e disse que a Brigada militar deve ter tido seus motivos para agir daquela forma. Claro, evidente, o Lorde estava nos camarotes tomando seu blak label, e nem viu o que acontecia com os sócios do Grêmio. E ainda, completou com uma pérola, que supera até aquelas ditas por Obino, "não tinha obrigação de ganhar o título".

Segundo: Como eu já dizia há muito tempo, ventilou-se agora certas dúvidas a respeito da Lei seca nos estádios. Dúvida? Ora, o que ocorre é lógico. Nunca, nenhuma lei vai conseguir impedir que as pessoas bebam antes de ir ao jogo. No Brasil é permitido beber álcool, e é um direito das pessoas terem lazer. Então, a partir desta Lei midiática e sem eficácia, começou, pelo menos no Olímpico, um fenômeno óbvio. Até pouco antes da Famigerada Lei, os torcedores entravam no estádio uma hora antes, até duas, tranqüilos, já que poderiam curtir uma cervejinha lá dentro. Agora, com essa proibição, uma multidão fica aos arredores bebendo por muito tempo, e bebem até mais do que bebiam antes, já que após entrar no estádio não mais vão poder tomar a ceva. Então, 10 minutos antes do jogo, uma multidão, sai em marcha para as catracas, querendo entrar nas dependências do olímpico, o que, evidentemente, enseja constantes confusões, principalmente em jogos importantes. Então, a conclusão é que esta lei é, de fato, ridícula sem o mínimo de eficácia social, sendo uma medida para dar voto e para receber aplausos dos Lasies Martins de plantão e de alguns cronistas moralistas e falsos politicamente corretos, que não sabem a realidade do torcedor.

Então, hoje no Grêmio, vivemos uma realidade cruel. Temos uma direção Omissa, desorganizada. Uma Brigada Militar apoiada por Duda, truculenta. E ainda, não podemos mais tomar nossa ceva no estádio, e não temos mais a Geral, abandonada pela direção à mercê dos abusos dos "porcos". E ainda sou obrigado a abrir o site do Grêmio e ler a patética frase "seja sócio do Grêmio, clique aqui e veja as vantagens".

sábado, 27 de junho de 2009

A Idade Média da Música

A Idade Média, período histórico que durou cerca de mil anos (século V até XV, aproximadamente), além de diversas características que não vêm ao caso neste post, obteve notoriedade pela obscuridade que se abateu sobre as artes. No geral, observou-se um declinío da criatividade e da inovação, se se comparar com períodos anteriores, como a Antiguidade, por exemplo. Pois estou sustentando, neste Blog, que estamos passando pela Idade Média da música. Não sou historiador, tampouco historiador musical. Porém, o assunto me interessa, já que toco (ou pelo menos tocava) guitarra e a música é uma das grandes paixões da minha vida. Dessa forma, tentarei explicar o porquê da minha inquietação.
É pacífico que a música, no século XX, foi impulsionada pelo movimento negro. Nos anos 40 e 50, nos Estados Unidos, principalmente, observou-se o surgimento de estilos como o jazz, o blues, o folk e o soul. Inicialmente restritos à comunidade negra, esses ritmos foram se disseminando também entre os brancos e passaram a fazer parte da agenda musical norte-americana. Como consequência, os anos 60 testemunharam o surgimento pleno de um dos estilos mais populares de todos os tempos, o rock. Diz-se que Elvis Presley foi o seu grande mentor. No final dessa década, o fenômeno Beatles arrastou multidões por onde passava e tornou-se um ícone para sempre imortalizado.
Estava plantada a semente. Começaram a aparecer diversas bandas que fizeram história, principalmente na Inglaterra. Os anos 70 deram ao mundo Pink Floyd, Led Zeppelin, Rush, The Doors, Deep Purple, Yes, Cream, The Who, AC/DC e mais qualquer outra que vocês puderem lembrar. O rock e suas diversas vertentes estava consolidado. Na mesma toada, os anos 80 também foram dadivosos em termos musicais, ainda que menos que os anteriores. Iron Maiden e Metallica inventaram o heavy metal; o monstro Michael Jackson, infelizmente morto a poucos dias, inventou o pop, jutamente com a Madonna; The Police, Aerosmith, U2 e Guns N'Roses também podem ser citadas como bandas de peso formadas no período.
Chega-se, por consequência, aos anos 90 e 2000, e o que vemos surgir? Absolutamente nada que pudesse se comparar ao que foi produzido nas décadas anteriores. Algumas bandas antes promissoras acabaram, como o Guns e o Nirvana. Outras simplesmente não inovaram mais e tornaram-se obsoletas. As pessoas, ansiosas por ouvir algo diferente, começam a consumir mediocridades como Britney Spears (ressalva para os atributos da cantora), Akon, P. Diddy, Jonas Brothers e sei lá o que mais. Os grandes shows não existem mais. Quando há algum grande espetáculo, é, na maioria das vezes, produzido por artistas oriundos de outras épocas, como Paul McCartney, Rush e The Police. Enfim, percebe-se que há espaços vagos para grandes ícones que não mais existem. A comoção mundial produzida em torno da morte de Michael Jackson só vem a corroborar tais fatos. Apesar do Rei do Pop não produzir algo decente desde Dangerous (início dos anos 90), o mundo sabia que, apesar de todos os desvios pessoais de conduta, Jackson ainda era um artista fenomenal, sendo impossível, nos tempos de hoje, encontrar alguém sequer similar.
O que alenta-nos é que, como tudo na vida, isso vai passar. Tomara que possamos ser agraciados o mais breve possível com um período musical como os anos 70, por exemplo. A Idade Média da música precisa acabar. Enquanto isso, contentemo-nos em assistir os antigos. Eles são infinitamente melhores!

sábado, 13 de junho de 2009

Pink

Grandes leitores do (Gol)pe de Estado, hoje vou direto ao assunto e trago para aqueles que não conhecem um pouco do insuperável Pink Floyd. A música se chama On The Turning Away e é do primeiro cd sem o Waters, vulgo A Momentary Lapse of Reason. O vídeo traz uma versão ao vivo na turnê do Pulse/1994; o interessante, porém, é que foi gravado por alguém da plateia e mesmo assim conserva uma qualidade de som impressionante.
A guitarra do Gilmour está magnífica, como sempre. Não é injustiça alguma dizer que ele é o melhor de todos os tempos. Ninguém conseguiu/consegue colocar tanta emoção nos solos como ele. Além disso, a música é extraordinária!



Aproveitem! Grande abraço a todos.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A imprensa esportiva gaúcha e suas análises esquizofrênicas


Não sei se são os meus olhos que geram perspectivas diferentes ou se, simplesmente, eu observo as coisas a partir de um viés postivo. O exemplo disso foi o jogo do Grêmio, pela estréia do campeonato brasileiro de 2009. Ao chegar em casa, acessei alguns sites especializados em esporte, sempre com ênfase "aos daqui", e, para minha surpresa, me deparei com inúmeras análises negativas e calamitosas sobre o jogo do tricolor, vindas de quase todos os repórteres de futebol da RBS. Dentre elas, sobressai as do sempre pessimista Zini Pires e do corneteiro (e secador) Wianey Carlet. O Grêmio, segundo estes cronistas deve rever todos os seus conceitos, inclusive o esquema tático e a titularidade de alguns jogadores. Ou seja, o Grêmio, na estréia do campeonato, teria, segundo eles, protagonizado um episódio trágico de sua história. É a conclusão que tiro das análises dos citados profissionais. Um deles, inclusive, refere que supostos fantasmas estariam de volta ao olímpico!! Hmm? Incrivelmente, esta análise exageradamente negativa do jogo contaminou o restante da imprensa. Confesso que me sinto um pouco perplexo. Assisti a partida das cadeiras, e posso dizer com propriedade: Foi um grande jogo de futebol, ora! Duas grandes equipes se enfrentaram. Um clássico! O Santos tem grandes qualidades, principalmente individuais. Um time rápido, jogadores habilidosos. Fabão e Fabiano Eller na defesa. Neymar, K Pereirea e Madson chegando forte na frente. Bom time. Parece-me totalmente normal o empate: "ah mas o alas não apoiaram" "o Maxi Lopes foi discreto". Não compactuo dessas opiniões. Num jogo de alto nível, como foi, é normal algum setor do time não funcionar bem, como aconteceu com o Santos também. O Grêmio fez uma boa partida, foi competitivo, tem bons jogadores. Levou um gol de falta. Gostei muito jogo. Empatamos, e daí? Acontece. Diferentemente do que foi dito por essa imprensa alarmista, o Grêmio, sim, dá esperanças que pode ser tricampeão da América. Vamos Tricolor!

Enquanto isto, apesar de ter enfrentado os reservas do Corinthias (fato este, mais uma vez, omitido por esta mesma imprensa, e por isso me atenho só ao gol) o Internacional abre com uma vitória o certame. Todavia, marcada pelo gol mais bonito do mundo neste ano. Protagonizado pelo (foda!) craque Nilmar. Gilmar Veloz! Acorda porra!!

sábado, 25 de abril de 2009

Sobre o Internacional

Muito se tem falado sobre o atual time do Internacional. Os torcedores estão eufóricos, a imprensa esportiva dá amplo destaque às atuações do time e os adversários elogiam o Colorado, apontando-o como melhor equipe de futebol do país no momento. Dentro desse quadro, tomo a liberdade de escrever algumas linhas sobre o que penso do momento do Internacional, esperando contribuir para o debate.
Vou começar fazendo uma análise tática de como joga o Colorado. O técnico Tite armou um esquema que se aproxima muito de um 4-4-2 clássico, tendo como principal virtude a troca rápida e precisa de passes. Na defesa, dois zagueiros técnicos e experientes, Índio e Álvaro. Nas laterais, temos Kléber, da Seleção, com uma capacidade muito boa de passe e infiltração e Bolívar, zagueiro de origem, que mais cobre os avanços de Guiñazu e Magrão do que qualquer outra coisa. Mas é no meio que o Colorado possui a sua maior força. Sandro, primeiro-volante moderno, exímio marcador e muito técnico. Ao lado dele, Magrão e Guiñazu, ambos com uma capacidade de contenção muito grande, mas com uma chegada na frente interessante, notadamente o primeiro. Em seguida, D'Alessandro. O camisa 10 clássico, muito raro no futebol contemporâneo. O gringo está jogando muito. Finalmente, o ataque se completa com Taison e Nilmar; o primeiro grande promessa colorada, artilheiro do time em 2009; o segundo dispensa comentários, atormenta qualquer defesa. A mecânica do time gira em torno do meio e do ataque, com uma participação intensa de Magrão e Guinãzu, o diferencial de D'Alessandro, e a velocidade dos dois atacantes. É nesse ponto que o Internacional tem conseguido ganhar os jogos, se aproveitando da qualidade desses jogadores.
Porém, nenhum time é equilibrado e perfeito. Dentro dessa lógica, vemos que a zaga colorada apresenta falhas na bola aérea, especialmente em Álvaro. O zagueiro até que possui um pouco de técnica, mas é baixo e tem uma recuperação de bola lenta. No meu time, seria reserva. Danny Morais e Sorondo, se voltar em forma, são mais zagueiros que Álvaro. Na lateral-direita, Bolívar, o jogador mais contestado do Beira-Rio, apresenta graves defeitos. Mas é bom que se diga que é um zagueiro jogando na lateral. Não é possível se exigir que Bolívar suba e faça jogadas criativas ou cruze com qualidade. É uma improvisação porque não existe um lateral-direito aceitável no Internacional. Os reservas Arílton e Danilo Silva não são melhores que Bolívar. Além do mais, o zagueiro campeão da Libertadores em 2006 guarnece a defesa, já que Magrão e Guiñazu saem bastante. Estes são os motivos que o fazem titular no time de Tite.
Ainda é preciso tecer alguns comentários sobre as circunstâncias dos jogos e atuações do Internacional em 2009. Existem alguns fatos que influenciam, de certa forma, tudo o que está sendo dito sobre o time e eles são facilmente visualizáveis. Em primeiro lugar, os adversários. O Internacional enfrentou apenas um time de primeira divisão este ano, e foi o Grêmio. Obteve 3 vitórias, é verdade. Mas Gre-Nal é um jogo à parte e não serve de parâmetro. O Colorado ainda precisa ser testado. Além disso, as melhores atuações ocorreram em casa. Ano passado, o clube do Beira-Rio vencia seus jogos no Gigante, porém, fora de casa, não conseguia atuar bem. E, do meu ponto de vista, um bom time de futebol é aquele que joga bem dentro e fora de casa. É preciso relembrar que, na Copa do Brasil, o Internacional perdeu para o Rondonópolis, no campo do adversário, e venceu o Guarani, porém com uma atuação ruim.
Portanto, considero os elogios um exagero. Chamar este Internacional de "Rolo Compressor" é, no mínimo, uma precipitação. O time tem potencial, mas ainda é muito cedo para se fazer um comentário definitivo. É preciso ter calma e esperar o restante dos jogos. Além disso, o desempenho do Internacional em 2009 está intimamente ligado à disputa gremista na Libertadores. Uma eventual vitória do Grêmio nessa competição seria algo desastroso para as pretensões coloradas, visto que se trata do ano do centenário. Sequemos, então!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Um novo destino ao Grêmio

Ao mesmo tempo que a saída de Celso Roth causa um grande alívio para o torcedor do Grêmio, preocupa-me a possibilidade de que a partir de agora os equivocos mais graves que assolam o atual momento do tricolor sejam esquecidos. A demissão de Celso Roth não é um mérito da Direção, um ato de coragem, ou qualquer coisa deste tipo. Trata-se de uma obrigação, que há muito já se impunha. Mas para Duda e Krieger, coisas óbvias demorarm a ser percebidas. Uma análise um pouco mais inteligente exclui de Celso a culpa integral pelo baixo rendimento da equipe neste ano. Ao contrário, entendo que a culpa pode, inclusive, ser dividida com os homens de futebol, basta olhar para o grupo de jogadores que Grêmio formou. A direção, de forma estúpida, primou pela quantidade, mas esqueceu do óbvio, a qualidade. Fato tranquilamente perceptivel na medida em que nenhum dos jogadores contratados em 2009 estão no rol dos melhores do time. Os que ainda se salvam são remanescentes de 2008, isto é da gestão passada.

Não sei até que ponto o Grêmio, realmente, está quebrado como é constantemente dito pelos dirigentes gremistas. Quem banca R$ 220,00 para um técnico como Celso Roth e paga o mesmo para Maxi Lopes, que fez somente 29 gols na carreira, não parece estar a beira da bancarrota, para mim, isto soa mais a idiotice mesmo.

Falta ao Grêmio um novo modelo de gestão. Mais moderno, jovem. A primeira coisa a fazer e tirar essas múmias que ainda vagam pelos corredores do Olímpico com suas idéias estagnadas. Precisamos de uma Direção ativa, vibrante, inteligente e com visão de futebol. Pelo menos o primeiro passo foi dado, que era demitir Roth, vejamos agora quem será o escolhido para assumir essa bronca. Eu voto por Portalupi mesmo. Acho que a presença dele pode incendiar o ânimo de todos e reconectar time e torcida, fator essencial para uma disputa do porte da Libertadores.